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FMI: é preciso “dar crédito a Angola” por insistir nas reformas que vão dar frutos

O director do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse esta Quinta-feira que é preciso "dar crédito a Angola" por ter continuado a implementar as reformas apesar das dificuldades, e acrescentou que brevemente os esforços darão frutos.

: Lusa
Lusa  

"Quando o programa de ajustamento financeiro começou, em 2018, ninguém antecipava a pandemia e as terríveis consequências que teria, mas em termos das reformas de que o país precisava, Angola merece muito crédito por ter persistido apesar do terrível custo da pandemia no seu povo e na economia, incluindo a grande queda do petróleo do último ano e meio", disse Abebe Aemro Selassie quando questionado pela Lusa sobre a razão de Angola manter uma recessão este ano pelo sexto ano consecutivo.

No final da apresentação do relatório sobre as Perspectivas Económicas para a África subsaariana, Selassie explicou que "apesar deste choque monumental, as autoridades angolanas perseveraram nas reformas e estão a conseguir ultrapassar as dificuldades, dando passos significativos para reduzir os desequilíbrios macroeconómicos e posicionar o país para beneficiar da recuperação do preço do petróleo", a maior fonte de receitas do país.

"O crescimento continua fraco, a terceira vaga foi particularmente severa, e não antecipámos isso na nossa previsão, e foi por isso que revimos o crescimento em baixa", afirmou Selassie, vincando que "se a pandemia se desvanecer e a recuperação económica mundial continuar, o FMI está muito, muito confiante que Angola vai beneficiar dos frutos de todas as reformas que fez nos últimos dois anos, incluindo na melhoria da transparência da gestão das finanças públicas, e no sector financeiro".

O FMI prevê que o crescimento de 3,7 por cento este ano e de 3,8 por cento em 2022 na África subsaariana seja sustentado por uma melhoria das condições económicas nos países não produtores de petróleo.

"A previsão para 2021 foi revista em alta, principalmente pelas perspectivas melhores do que o esperado nos países de recursos intensivos não petrolíferos, nos quais o crescimento foi melhorado em 1,2 pontos percentuais para 4,7 por cento, reflectindo o aumento dos preços das matérias primas", lê-se no relatório sobre as Perspectivas Económicas da África subsaariana.

No entanto, acrescenta-se no documento divulgado em Washington, este crescimento "foi eliminado pela descida nas projecções para os países de recursos não intensivos, em 0,7 pontos, para 4,1 por cento, o mesmo acontecendo com os países exportadores de petróleo, cuja previsão de crescimento foi revista ligeiramente em baixa, de 0,1 pontos, para 2,2 por cento, o que reflecte uma previsão mais baixa para Angola".

No documento, os técnicos do FMI salientam que a melhoria das previsões para o conjunto dos países da região resulta de melhores condições internacionais, "o que indica que a região continua altamente vulnerável a mudanças na perspectiva global, onde os dois principais riscos são a inflação nos Estados Unidos e a possibilidade de a covid-19 se tornar endémica, como a gripe".

Assim, os decisores políticos africanos enfrentam três desafios principais: "Primeiro, lidar com as necessidades prementes de despesa para o desenvolvimento, segundo, conter a dívida pública e, em terceiro lugar, mobilizar receita fiscal em circunstâncias em que as medidas adicionais são geralmente impopulares".

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