De acordo com as Previsões Económicas Mundiais, divulgadas esta Terça-feira no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem esta semana, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana vai registar o sexto ano consecutivo de recessão.
Angola tem enfrentado crescimentos negativos do Produto Interno Bruto desde 2016, na sequência da descida dos preços do petróleo, que afectou a receita do Estado, e do abrandamento da produção de petróleo devido à falta de investimento e ao declínio natural das reservas.
As novas previsões do FMI surgem poucos dias depois de o Governo de Luanda ter actualizado o cenário macroeconómico, no qual estimavam uma estagnação (crescimento zero) este ano, apesar de a ministra das Finanças, numa entrevista à Bloomberg na semana passada, ter admitido que a recessão era ainda uma possibilidade.
O ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, disse na Quinta-feira passada que a redução da actividade petrolífera, a par dos efeitos da pandemia, foi um dos principais motivos dos crescimentos negativos dos últimos anos.
"Devido ao grande peso que o sector ainda tem na nossa economia, o crescimento negativo deste sector tem afectado negativamente o crescimento global do país", disse, lembrando que a estimativa do Governo aponta para um crescimento nulo este ano, depois de cinco anos de recessão, mas já com a economia não petrolífera a crescer significativamente.
"Para 2021, prevemos um crescimento global nulo, mas devemos realçar que para este ano a previsão de crescimento do sector não petrolífero é de 5,9 por cento, enquanto o sector petrolífero deverá registar uma taxa de crescimento negativa em 11,6 por cento", disse o governante, num discurso feito no seminário sobre a economia de Angola, promovido pelo Instituto Real de Estudos Internacionais do Reino Unido (Chatham House).
Para o próximo ano, o Governo prevê uma expansão económica de 2,4 por cento, sustentada num crescimento do sector não petrolífero de 3,1 por cento, "o que é de grande importância porque este é o sector que cria mais postos de trabalho e está em melhores condições de contribuir para o bem-estar dos angolanos", concluiu o responsável.
O FMI, no relatório, não explica as razões de ter revisto em baixa a previsão de crescimento para este ano, considerando apenas, nos quadros com as previsões, que a inflação em Angola vai crescer de 22,3 por cento em 2020 para 24,4 por cento este ano, antes de abrandar para 14,9 por cento em 2022.