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Inflação em máximos de quatro anos e a caminho dos 12 por cento

Os preços em Luanda já subiram mais de 11,6 por cento este ano, até Setembro, muito acima do intervalo definido pelo Governo para 2015, segundo informação do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano.

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De acordo com o mais recente relatório de INE angolano sobre o comportamento da inflação, ao qual a Lusa teve acesso, a variação homóloga dos preços em Luanda situou-se, até Setembro, em 11,66 por cento, um aumento de 4,47 pontos percentuais face ao mesmo período de 2014.

O valor acumulado da inflação (últimos doze meses) atingiu em Setembro máximos dos últimos quatro anos, segundo os dados do INE angolano, enquanto em Agosto se tinha cifrado em 11 por cento.

Devido à crise decorrente da quebra na cotação internacional do petróleo, o nosso país viu reduzir a receita fiscal para metade, assim como a entrada de divisas no país, agravando o custo das importações e o acesso a produtos, inclusive alimentares.

Estes dados do INE indicam que, analisando a situação em Setembro (mas com o total de doze meses), voltou a ser ultrapassado, tal como em Julho e Agosto, o intervalo (7 a 9 por cento) para a inflação anual previsto pelo Governo angolano no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015, revisto em Março precisamente devido à crise petrolífera.

A situação foi reconhecida pelo chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, na anual mensagem sobre o estado da nação, lida na quinta-feira, no parlamento, pelo vice-presidente da República, Manuel Vicente. "Convém frisar que esse indicador está sob controlo, pois têm sido levados a cabo amplos esforços para contrariar este quadro", apontou o governante.

Ainda segundo o mesmo relatório, o nível geral do Índice de Preços no Consumidor (IPC) em Luanda - única província com dados a 12 meses - registou uma subida de 1,22 por cento entre Agosto e Setembro de 2015, com a classe "Saúde" a liderar os aumentos (2,63 por cento).

O Índice de Preços no Consumidor Nacional - reunindo dados de todas as 18 províncias do país - registou uma variação de 1,08 por cento de Agosto para Setembro, com Luanda a liderar os aumentos, logo seguida do Zaire (1,03 por cento) e do Cunene (1,02 por cento). As províncias com menor variação mensal nos preços foram Cabinda (0,69 por cento), Bengo (0,69 por cento) e Moxico (0,71 por cento).

Em entrevista à Lusa em Setembro, o secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS) admitiu que o segundo semestre de 2015 está a ser ainda mais difícil para os trabalhadores, a começar pela redução do poder de compra, devido à inflação galopante no país.

"Estamos a falar de um ano muito complicado", admitiu o responsável da confederação sindical angolana.

O sindicalista recordou que além do aumento dos preços, relacionado com a crise do petróleo, que reduziu a entrada de receitas e divisas no país, os mais de 380 mil funcionários públicos não contaram com qualquer aumento salarial este ano por decisão do Governo, precisamente devido à necessidade de corte nas despesas públicas.

E no cenário actual, apesar da inflação galopante, que segundo o sindicalista poderá ultrapassar os 15 por cento no final do ano, Manuel Viage descarta a possibilidade de aumentos no sector público a curto prazo, mesmo apesar da constante redução do poder de compra.

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