A informação resulta do relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, ao qual a Lusa teve hoje acesso, relativamente à venda de divisas entre 5 e 9 de Outubro, realizada a uma taxa interbancária média de 135,979 kwanzas, praticamente inalterada face à semana anterior.
Neste período, o BNA vendeu em leilões 540,473 milhões de dólares, valor que compara com os 499,1 milhões de dólares injectados na semana anterior, um crescimento superior a 8 por cento.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica, face à redução de receitas fiscais com o petróleo, e por consequência cambial, devido à redução da entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de máquinas, matéria-prima e alimentos.
"Este volume de divisas [na última semana] destinou-se fundamentalmente à cobertura de operações de natureza prioritária", sublinha o banco central angolano, no relatório semanal.
Deste montante, 414,1 milhões de dólares destinaram-se à cobertura de operações (importações) relativas a bens alimentares, enquanto 20 milhões de dólares dizem respeito, ainda segundo o BNA, a "operações de viagens e remessas de dinheiro ao exterior do país, de natureza particular e ajuda familiar".
Para tentar retirar pressão de procura divisas aos bancos, o BNA voltou a realizar um leilão de venda de moeda estrangeira directamente às casas de câmbio na última semana.
Foram distribuídos, a 7 de Setembro, um total de 10 milhões de dólares por 52 casas de câmbio em situação legal, sendo que estas eram antes obrigadas a comprar directamente aos bancos, que por sua vez alegavam não ter divisas suficientes.
Contudo, mantêm-se as dificuldades no acesso a moeda estrangeira nos bancos, com o mercado paralelo, de rua, a apresentar taxas de câmbio acima dos 200 kwanzas por cada dólar - em queda face a semanas anteriores -, para compra de moeda estrangeira.
A situação actual de falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
O banco central anunciou no final de Maio que aquela instituição passou a ter "elementos para flexibilizar" a gestão do mercado cambial, nomeadamente através do aumento de dois para três leilões de divisas (vendas aos bancos) semanais, para regularizar o fluxo de divisas.
"A procura [de divisas, na banca comercial] não diminuiu. O problema é que eu, pessoalmente, acredito que nem toda a procura de divisas é legítima. Portanto, quando nós pudermos ter uma procura legítima, de certeza que não vai haver falta de divisas", afirmou a 25 de Julho o governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior.