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Angola multiplicou produção de petróleo por dez em 40 anos de independência

A produção de petróleo em Angola cresceu dez vezes desde a independência do nosso país do regime colonial português, dominando totalmente as exportações, mas a integração de quadros angolanos no sector ainda é lenta.

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O país produzia cerca de 173 mil barris de petróleo por dia em 1975 e este ano, segundo dados oficias do primeiro semestre, já ultrapassou os 1,7 milhões de barris diários, representando, por norma, cerca de 70 por cento das receitas fiscais angolanas e 98 por cento das exportações.

Em entrevista à agência Lusa, o especialista angolano e consultor na área dos petróleos Jorge de Abreu recordou que a produção petrolífera em Angola começou a desenvolver-se no início dos anos 70 do século passado, permitindo então alimentar a Refinaria de Luanda “e pouco mais”.

Antes da independência, a produção era garantida em terra, junto a Luanda, no ‘onshore’ Kwanza, e na região do Soyo, na província do Zaire. Em ‘offshore’ era produzido petróleo na baia de Malongo, no enclave de Cabinda.

“E importante referir que o preço do petróleo bruto naquela época não ultrapassava os três dólares por barril (até 1973 e à primeira crise petrolífera). Não era pois o mais importante dos produtos de exportação de Angola, então colónia portuguesa. O café, o milho, os diamantes, o sisal e mesmo o ferro eram mais importantes que o petróleo”, recorda o especialista e antigo director-geral adjunto da filial angolana do grupo Total.

Além da quantidade, Jorge de Abreu recorda que a evolução em 40 anos de produção em Angola foi também “qualitativa”, em função do aumento da complexidade tecnológica disponível no país.

Com a entrada em força das multinacionais petrolíferas e o progressivo aumento do preço do barril de petróleo no mercado internacional, a produção seguiu de terra para águas cada vez mais profundas, mas começando pelo ‘offshore’ convencional, com perfuração a menos de 200 metros de profundidade de água, logo nos anos 80 e 90, ainda durante a guerra civil que assolou o país.

“Chegando a uma produção vizinha dos 600.000 barris nos blocos costeiros”, explica o especialista, recordando que rapidamente se seguiram produções até 1.500 metros de profundidade, com o início da actividade dos blocos 14,15,17 e 18.

“E uma produção que em menos de 10 anos ultrapassou o milhão de barris por dia”, sublinha.

A produção angolana, o segundo produtor da África subsaariana, deverá consolidar este ano a marca de 1,8 milhões barris por dia, uma posição de destaque no continente em grande medida devido às inovações que permitiram o desenvolvimento dos campos de águas profundas na bacia do baixo Congo, nos blocos 15, 17 e 18.

“Em cada projecto, a inovação tecnológica esteve presente: ‘riser towers’, sísmica 4D, separação submarinas, bombagem multifásica, ‘pipe in pipe’, só para nomear algumas”, refere o especialista, com 37 anos de experiência na actividade petrolífera angolana.

Vários projectos angolanos de produção em águas profundas foram entretanto premiados em conferências internacionais do sector, evolução que, diz, não foi acompanhada da formação e integração de técnicos angolanos nas várias especialidades e níveis de responsabilidade.

“Tendo ainda hoje de se recorrer em grande quantidade a técnicos expatriados extremamente caros e nem sempre com as competências requeridas”, lamenta Jorge de Abreu.

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