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Receitas da Sonangol caem 44 por cento antes de anunciada a reestruturação

Os receitas com a exportação de crude da petrolífera angolana Sonangol caíram 44 por cento em Setembro, face ao mesmo mês de 2015, números conhecidos depois de o Governo ter anunciado uma reestruturação da concessionária estatal.

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De acordo com um relatório libertado pelo Ministério das Finanças, ao qual a Lusa teve acesso, a receita da Sonangol com a venda de petróleo ao exterior ascendeu a 82,2 mil milhões de kwanzas no mês de Setembro.

No mesmo mês, de 2014, no início da crise da cotação do barril de crude no mercado internacional e que resultou ainda numa forte desvalorização da moeda nacional face ao dólar norte-americano (moeda utilizada nas transacções de petróleo), a exportação de petróleo representou um encaixe de 147,1 mil milhões de kwanzas.

Na quinta-feira, no discurso anual do chefe de Estado, na Assembleia Nacional, sobre o Estado da Nação - lido pelo vice-Presidente Manuel Vicente devido a uma "indisposição" de José Eduardo dos Santos - foi anunciada uma reestruturação da Sonangol, que em Portugal tem participações directas e indirectas no Millennium BCP e na Galp.

"O Executivo criou também uma Comissão de Avaliação para estudar a situação da Sonangol e do sector dos petróleos e propor as bases da sua reestruturação e um modelo de gestão mais eficaz e eficiente", disse Manuel Vicente, que foi precisamente Presidente do Conselho de Administração da Sonangol.

Entre Janeiro e Setembro de 2015, ainda segundo os dados do Ministério das Finanças recolhidos pela Lusa, as receitas da Sonangol totalizam 717,2 mil milhões de kwanzas. Em todo o ano de 2014, essas receitas para o Estado angolano ascenderam a 1,87 biliões de kwanzas.

Em conferência de imprensa realizada a 13 de Julho em Luanda, o presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Francisco de Lemos José Maria, negou notícias de então, que apontavam para a falência da petrolífera estatal. "Qualquer estado de falência ou de bancarrota teria que implicar que, num só ano, a Sonangol registasse prejuízo de 22 mil milhões de dólares, o que é virtualmente impossível de acontecer. Num só ano, mesmo num período de quatro ou cinco anos", afirmou Francisco de Lemos José Maria.

Acrescentou, para justificar a "estabilidade" e "robustez operacional" da empresa, que a Sonangol possuía, à data, um nível geral de endividamento actual de 13.786 milhões de dólares, contra um património superior a 21.988 milhões de dólares, conferindo uma alavancagem "suficientemente estável" e superior a 63 por cento.

Disse também que a Sonangol mantém o programa de investimentos para este ano, avaliado em 6700 milhões de dólares, em todos os segmentos, dos quais 58 por cento em exploração e produção de petróleo bruto, 15 por cento em refinação de petróleo bruto e 10 por cento em distribuição e logística de combustíveis.

Além disso, a Sonangol registou a 31 de Dezembro de 2014 um lucro operacional (EBITDA) superior em 1.650 milhões de dólares à sua dívida líquida, revelando "a sustentabilidade operacional do endividamento e a preservação de liquidez suficiente para as adversidades conjunturais", nomeadamente a baixa da cotação internacional o crude.

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