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Banco de Portugal: petróleo barato "afectou duramente" a economia de Angola

A descida do preço do petróleo que se iniciou no Verão de 2014 "fez-se sentir duramente na economia angolana", escreve o Banco de Portugal nos Cadernos da Cooperação, um relatório divulgado em Lisboa.

Gerald Herbert:

"A acentuada queda do petróleo nos mercados internacionais, iniciada na segunda metade de 2014, fez-se sentir duramente na economia angolana", lê-se no início do capítulo dedicado a Angola, onde se acrescenta que "nesse ano, o ritmo de expansão da actividade interrompeu o crescendo iniciado desde 2009, devendo abrandar mais significativamente em 2015".

Na publicação deste ano dos Cadernos da Cooperação, um conjunto de documentos de análise sobre a evolução das economias dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste, o Banco de Portugal nota que "o elevado peso do sector petrolífero na economia angolana condiciona consideravelmente a evolução da actividade económica aos desenvolvimentos nos mercados internacionais para aquela matéria-prima".

As "ondas de choque", diz o BdP, fizeram-se sentir "um pouco por toda a economia", influenciando decisivamente todos os indicadores económicos, desde o crescimento do Produto Interno Bruto, que abrandou para 4,4 por cento no ano passado, às contas externas, com o saldo da balança a entrar em terreno negativo (2,9 por cento) pela primeira vez desde a crise financeira internacional de 2009.

O abrandamento ainda maior este ano, cuja previsão de crescimento do PIB aponta para 3,5 por cento levou também à desvalorização do kwanza pelas autoridades angolanas, que deixaram a moeda local derrapar seis por cento face ao dólar de Setembro de 2014 a Junho de 2015 - data do fecho de contas para efeitos de elaboração dos Cadernos da Cooperação, mas que desde então caiu ainda mais.

"Esta tendência de desvalorização cambial, conjuntamente com, na primeira metade de 2015, condições monetárias acomodatícias, repercutiu-se no comportamento dos preços, que interromperam o processo de desinflação iniciado em meados de 2011", escreve o BdP, lembrando que em Julho a inflação homóloga já ia nos 10,4 por cento, acima dos 9 por cento projectados para o final do ano.

A degradação dos indicadores económicos por causa da descida do preço do petróleo e consequente quebra nas receitas obrigou também o executivo a rever os planos de investimento público, sendo forçado a cortar mais de metade da despesa prevista.

"O necessário ajustamento da despesa perante a maior exigência da restrição orçamental será feito sobretudo à custa do investimento público, que recua mais de 50 por cento, da racionalização dos subsídios aos combustíveis, iniciada ainda em 2014, e de uma redução dos encargos com a aquisição de bens e serviços", escreve o BdP, concluindo que "apesar destes esforços de contenção, as autoridades esperam para 2015 um défice público de 6,8 por cento do PIB".

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