O anúncio do investimento foi feito pelo representante da USAID, William Butterfield, na abertura da Conferência de Coordenação do Corredor do Lobito, uma infra-estrutura ferroviária no litoral sul de Angola, que liga o país às zonas de minerais da República Democrática do Congo (RDCongo) e a Zâmbia, um evento organizado pelos Estados Unidos.
William Butterfield sublinhou o papel fundamental desta infra-estrutura na integração regional, ligando o continente africano, expandindo as oportunidades de exportação e impulsionando o comércio. Um argumento em sintonia com a justificação norte-americana para a visita a Angola do Presidente dos EUA, Joe Biden, de 13 a 15 de Outubro, que servirá para reforçar parcerias económicas e assinalar a criação da primeira rede ferroviária transcontinental de acesso livre em África.
De resto, na visita a Angola será formalizado o projecto da "Parceria para as Infra-estruturas e o Investimento Globais (PGI)" do G7 (grupo dos sete países mais desenvolvidos) para o Corredor do Lobito.
"Reconhecemos que a construção de infra-estruturas pode gerar preocupações ambientais. Por isso, investiremos 3,5 milhões de dólares para apoiar organizações locais em Angola, garantindo que os processos sejam justos e responsáveis", disse esta Quarta-feira William Butterfield, sublinhando ainda que "a USAID também ajudará a melhorar as capacidades de auditoria do Governo, minimizando fraudes e abusos".
Segundo o representante da USAID em Angola, o Corredor do Lobito vai criar muitas oportunidades de emprego, fortalecer economias locais e melhorar a qualidade de vida das comunidades ao longo do seu trajecto.
"O novo Caminho de Ferro Atlântico do Lobito é um dos mais importantes projectos de infra-estrutura de transporte que os Estados Unidos apoiaram em África em uma geração. Isto fortalecerá o comércio e o crescimento regional e avançará a nossa visão comum de criar uma rede ferroviária interligada do oceano Atlântico ao oceano Índico", disse.
O responsável frisou que um dos objectivos do Corredor do Lobito é aliviar o congestionamento nas rotas sul, como Durban, África do Sul, e Beira, Moçambique, oferecendo outra alternativa de transporte.
Para o representante da USAID em Angola, priorizar o transporte ferroviário vai reduzir a pegada de carbono em África, salientando que, recentemente, a Corporação de Financiamento do Desenvolvimento dos Estados Unidos da América aprovou até 533 milhões de dólares para o Corredor do Lobito e o Banco de Importação-Exportação dos EUA "concedeu um histórico empréstimo de 1,6 biliões de dólares para apoiar 65 mini-redes de energia solar em quatro províncias de Angola".
Por sua vez, o director-adjunto da Power Africa, Ted Lawrence, referiu que esta iniciativa liderada pelo Governo norte-americano e coordenada pela USAID, já ajudou a mobilizar mais de 25 biliões de dólares para projectos de electrificação em toda a África subsaariana, grande parte deles proveniente do sector privado.
De acordo com Ted Lawrence, o Corredor do Lobito oferece uma oportunidade para enfrentar o défice energético que há muito tempo impede o crescimento da África subsaariana, destacando a vasta experiência da Power Africa em trabalhar com os Governo para o fortalecimento de políticas energéticas, "criando ambientes regulatórios certos para atrair investimentos", assegurando também a preservação ambiental.