Ver Angola

Transportes

Job de Sousa: transição energética e produção de cereais potenciam Corredor do Lobito

O economista Job de Sousa considerou que a transição energética e a necessidade de produção de cereais potenciam a importância do Corredor do Lobito, e defende que Angola deve reforçar as políticas de atracção de investimento.

:

A concessão do Corredor do Lobito foi atribuída pelo Governo angolano à empresa LAR - Lobito Atlantic Railway, um consórcio de empresas constituído pela suíça Trafigura, pela portuguesa Mota-Engil Engenharia e Construção África SA, e pela belga Vecturis SA, para um período de exploração de 30 anos.

O Corredor do Lobito atravessa Angola e percorre mais de 1300 quilómetros, ligando a costa, a partir do Lobito, à fronteira leste com a República Democrática do Congo.

Job de Sousa lembrou, em declarações à agência Lusa, que o Corredor do Lobito, desde o período colonial, foi dos principais centros de exportação de produtos minerais e de produtos agrícolas da região, ficando paralisado alguns anos por vários motivos, tendo o Governo feito um investimento acima de três mil milhões de dólares para a recuperação desta infra-estrutura.

O especialista destacou, como primeiro ponto de importância do corredor, a transição de mercadorias dos países para a costa angolana, nomeadamente da Zâmbia e grande parte da República Democrática do Congo (RDCongo), deixando assim de utilizar, por via rodoviária, outros países para a importação e exportação de produtos, com um custo mais competitivo.

"Depois, o facto de ele circular em quatro províncias de Angola poderá então permitir, a nível interno, que haja efectivamente trocas comerciais ou que os empresários e produtores nacionais possam ao longo das províncias transitar os seus produtos e as suas mercadorias com um custo mais competitivo", acrescentou.

Segundo Job de Sousa, ao longo do corredor podem vir a ser instaladas grandes unidades produtivas, para que estas possam exportar ou transitar mercadorias de um país para o outro, realçando que, numa primeira fase, o Corredor do Lobito tem como foco o transporte de recursos minerais.

Além do desafio por parte do Governo angolano para se investir nas plataformas logísticas ao longo do Corredor do Lobito, estando previstas pelo menos três, Job de Sousa considerou importante a atracção de investidores internacionais, de grande escala, para "uma operacionalização desejada", apontando países como o Japão, China, Estados Unidos da América e Estados europeus como potenciais interessados.

O economista salientou que dados apontam que o Corredor do Lobito possa ter uma contribuição anual no Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de 1,5 mil milhões de dólares a três mil milhões de dólares.

"Para que isso possa ocorrer é necessário olharmos numa escala de atracção de investimentos em grande dimensão, por exemplo, hoje com a indústria de cereais pode também ser um grande desafio em atrair investidores que possam apostar no sector agro-alimentar e utilizando desta forma o Corredor do Lobito", frisou.

Admitindo que os recursos minerais têm sido a principal atracção do investimento estrangeiro no Corredor do Lobito, o analista económico sublinha que os EUA estão a fazer grandes investimentos naquele corredor, porque "minerais como o cobre e o cobalto são extremamente importantes para a transição energética".

"Países como os EUA, China, Japão e da Europa são efectivamente hoje os grandes beneficiários desses minérios, porque o mundo está a fazer a transição energética (...) e o facto de terem esses minerais a um preço no mercado internacional mais competitivo, por via do Corredor do Lobito, naturalmente este processo de transição energética será mais acentuado", disse.

"Angola também vai beneficiar disso, de forma indirecta, porque não tem grande potencial desses recursos, mas espera-se que províncias como o Cuando Cubango possam também exportar alguns minérios ao longo desse processo", afirmou.

Relacionado

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.