Também conhecidos como intermediários, estes angariadores mantêm contactos com os requerentes que acorrem ao centro de vistos do Consulado de Portugal em Luanda, sob responsabilidade da VFS Global, para acudir a quem espera há meses por um agendamento.
Além de circundarem o edifício, localizado no Largo da Maianga, centro da capital, alguns circulam também no interior, sobretudo no 2.º andar daquelas instalações, que diariamente recebem dezenas de requerentes.
Numa visita efectuada pela Lusa àquele edifício, um dos angariadores dirigiu-se a um grupo de utentes, que aguardava impacientemente a sua vez para ser atendido por um único agente que funciona no "Balcão de Informação: Quiosque Digital" da VFS Global.
Em média, um utente que procura informações sobre o processo de emissão de visto naquele balcão espera cerca de uma hora e meia para ser atendido.
O referido angariador e/ou intermediário comunicava aos presentes, a escassos metros do "Quiosque Digital", onde se encontrava um funcionário da VFS Global, que o processo de agendamento, online, "era gratuito", mas, dada a dificuldade de acesso à página, este prometia "agendamento fácil", em troca de dinheiro.
A sua intervenção, em viva voz, não passa despercebida aos utentes sentados na sala, esperando pela vez da sua senha.
Os interessados conversam ali mesmo com este agente angariador que, sem qualquer identificação, ainda forneceu o seu contacto garantindo à Lusa que, dada a "limitação de vagas e a lentidão" do sistema de agendamento, este poderia ser feito em troca de 70.000 kwanzas.
Para o pagamento, o angariador fornece o IBAN e pede que o comprovativo de pagamento seja enviado por WhatsApp, bem como a cópia do passaporte.
Vários cidadãos ouvidos pela Lusa, no local, disseram que os intermediários prometem solucionar com celeridade o agendamento para a solicitação de vistos.
"A VFS Global não tem qualquer envolvimento na decisão da emissão ou recusa de um pedido de visto e não pode influenciar o tempo de processamento do pedido de visto", lê-se num aviso afixado no centro.
À entrada do 2.º andar do edifício, alguns elementos da equipa da segurança privada manifestam impaciência em prestar informações aos utentes, contrariando um dos avisos também ali afixados: "Estamos empenhados em servi-lo com cortesia e respeito. Pedimos-lhe que trate o nosso pessoal da mesma forma".
Em declarações à Lusa, um dos agentes do "Balcão de Informação: Quiosque Digital" explicou a gratuitidade do agendamento, referindo que pode ser feito por qualquer cidadão que tenha acesso à Internet, e disponibilizou um papel com 12 requisitos "obrigatórios" para a requisição do visto.
Uma taxa no valor de 180.000 kwanzas é quanto se paga para dar entrada ao processo de requisição do visto de viagem, logo que o utente consiga o agendamento, referiu o funcionário da VFS Global, dando nota que o processo demora entre 15 e 45 dias.
"Cada tipo de visto tem uma tipologia de documentos a ser tratada para poder dar entrada dos processos", explicou.
Questionado sobre os vistos CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), no âmbito do Acordo de Mobilidade ratificado pelos Estados-membros, este funcionário indicou que se tratam de "vistos nacionais".
Os vistos CPLP "são vistos nacionais", afirmou, argumentando que "quando há uma carta de chamada feita por um cidadão português há isenção de alguns documentos, como para estudantes e trabalho, se já tem o contrato de trabalho".
Para o visto nacional, acrescentou, os emolumentos variam entre 115.000 kwanzas e 117.000 kwanzas.