De acordo com informação transmitida hoje pelo presidente do Conselho de Administração do estatal BPC, Paixão Júnior, o Ministério das Finanças já transferiu títulos do tesouro no valor de 270 milhões de dólares para garantir uma parte desse aumento de capital.
Acrescentou que os outros dois accionistas, o Instituto Nacional da Segurança Social e a Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas também vão "ajustar a parte correspondente a esta injecção de capital". "Já recebemos respostas positivas, já começaram a fazer o aporte de capital. E aí é que esperamos projectar o nosso capital para cerca de 700 milhões de dólares", disse Paixão Júnior, em declarações emitidas pela rádio pública.
O presidente do conselho de administração do BPC acrescentou que esta operação era necessária para reforçar o índice de solvabilidade da instituição - relação entre os activos e os créditos concedidos -, que ficará em cerca de 13 por cento, numa melhor posição do que o valor mínimo exigido pelo Banco Nacional de Angola, que é de 10 por cento.
Por esse motivo, Paixão Júnior garante que a recuperação da instituição está em curso, apensar de ainda dependente de elevar a liquidez do banco a 1,5 mil milhões de dólares. "Conseguimos cerca de metade, falta a outra parte, por forma a que banco possa estar aceitável, [em condições] de funcionamento", disse ainda.
A Lusa noticiou em Janeiro deste ano que o Governo angolano estava a estudar a transformação do BPC, tendo contratado uma consultora internacional para definir o processo. A informação consta de um despacho do Ministério das Finanças, de 6 de Janeiro, confirmando a contratação da consultora Deloitte & Touche para assessorar o processo. Tratava-se do "diagnóstico e definição de um plano de transformação do BPC", a realizar por aquela consultora.
O documento não esclarece o propósito das mudanças naquele banco público, que conforme o último relatório e contas disponibilizado (2013) era detido em 75 por cento pelo Estado angolano, contando com um capital social superior a 31.671 milhões de kwanzas.
O BPC é considerado o maior banco comercial angolano e, segundo a análise da Deloitte à banca nacional, liderava no final de 2013 o crédito concedido a clientes, com uma quota de mercado de 22,9 por cento, mais do dobro do segundo lugar. Segundo dados da própria instituição, o crédito do BPC a clientes atingiu há um ano um saldo de 6,9 mil milhões de dólares.
No ranking de rentabilidade da Deloitte, o banco aparece apenas na 14.ª posição, com um uma taxa de ROAE (rentabilidade dos capitais próprios médios) de 8 por cento. A mesma tabela é liderada pelo Banco de Desenvolvimento de Angola, com uma ROAE de 52 por cento.
Em 2013, o BPC foi o quarto banco angolano em termos de resultados líquidos, contabilizados pela Deloitte em 7.219 milhões de kwanzas.