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Defesa

Refugiados congoleses no campo de Lóvua regressam em massa ao seu país

Os refugiados da República Democrática do Congo (RDCongo) na zona da Lunda Norte decidiram regressar ao seu país, na sua quase totalidade, levando as autoridades a procurar inteirar-se dos motivos do regresso.

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Segundo a Rádio Nacional de Angola, na província da Lunda Norte, região onde há dois anos um grupo de cidadãos congoleses procurou refúgio, devido à instabilidade política na vizinha RDCongo, a maioria dos refugiados já deixou o campo de refugiados de Lóvua.

A emissora pública noticiou que os refugiados caminham ao longo da Estrada Nacional 225, em direcção ao Dundo, capital da Lunda Norte, para atingirem o município de Cambulo, que faz fronteira na zona nordeste com a RDCongo.

"A verdade é que no interior do assentamento quase que já não há nenhum refugiado, porque estão todos aqui ao longo da Estrada Nacional 225. Eles pernoitaram aqui mesmo à berma da estrada, ao relento, onde montaram as suas tendas e aguardam ainda por qualquer intervenção, seja do ACNUR [Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados] ou do Governo angolano”, relatou a rádio.

O objectivo dos refugiados passa por, “de forma organizada, dirigirem-se à fronteira” entre Angola e a RDCongo na Lunda Norte, acrescentou a mesma fonte.

Segundo um comunicado do governo provincial da Lunda Norte, entre Sábado e Domingo, pelo menos 8000 dos 23.600 refugiados no assentamento do Lóvua, começaram a caminhar a pé em direcção ao seu país de origem, de forma voluntária.

No comunicado, o Governo manifestou-se preocupado com a "inesperada decisão do grupo de refugiados", estando as autoridades da província da Lunda Norte a tentar demovê-los de prosseguirem a marcha, "até que todas as condições estejam realmente criadas para o efeito".

Face à situação, uma delegação do Governo, chefiada pelo ministro da Defesa, Salviano Sequeira, integrada também pela ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Faustina Alves, deslocou-se à Lunda Norte para se inteirar da situação.

As autoridades da Lunda Norte e o Governo central comprometem-se a trabalhar, em conjunto, com o ACNUR e as autoridades congolesas, "para resolver este assunto com a urgência que o mesmo impõe, no quadro dos compromissos assumidos entre todas as partes".

Em finais de Julho, na sequência de um encontro entre o ACNUR e os governadores da província da Lunda Norte e da província congolesa de Cassai, este último assegurou que "estavam criadas as condições" para que os seus compatriotas regressassem ao seu país, como era desejo de muitos, após as recentes mudanças políticas na RDCongo.

Em declarações à agência Lusa, a chefe para a Área de Relações Exteriores do ACNUR em Angola, Juliana Ghazi, indicou que o início das aulas, em Setembro, e os laços culturais e étnicos com o actual Presidente da RDCongo estiveram na origem da decisão de regresso dos iniciais 8000 refugiados.

"O que pode realmente ter influenciado a decisão deles é também a questão do ensino, alguns querem voltar para que as crianças consigam voltar às escolas", frisou Juliana Ghazi.

Segundo a mesma responsável, os refugiados não querem também "esperar o processo organizado, querem realmente voltar o quanto antes".

Juliana Ghazi sublinhou que as condições para os refugiados têm melhorado, permitindo mesmo projectos de agricultura para os que queiram ficar no país.

"Melhoraram bastante, aos olhos deles, as condições no Congo", a que se juntam os "laços culturais, étnicos, com o novo Presidente do Congo, que também é da região do Cassai", explicou a fonte do ACNUR.

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