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Sociedade une-se para revitalizar secular Rua dos Mercadores em Luanda

A revitalização da Rua dos Mercadores, artéria secular de Luanda cheia de sobrados que contam a história do esclavagismo, vai marcar dez anos de comemoração da Campanha Reviver e a data internacional da Abolição da Escravatura.

Ampe Rogério:

A Rua dos Mercadores, que ganhou vida com pintura de grafiti, vai acolher um conjunto de actividades ligadas à literatura, pintura, cinema, fotografia, música, gastronomia e outras formas de expressão, anunciou a organização do evento, que envolve a Associação Kalu, o Centro de Estudos e Investigação Científica de Arquitectura da Universidade Lusíada e o Centro Cultural Brasil-Angola.

Em conferência de imprensa, a representante da Associação Kalu, Maria Cristina Pinto, recordou que logo após a independência de Angola, em 1975, foi proposto pela secretaria do Estado que a Rua dos Mercadores fosse um local para poetas, escritores, de vivência, onde houvesse pintura, música, "que as pessoas pudessem considerá-la como sua pertença".

A representante da Associação Kalu referiu que era nessa zona que se comercializavam os escravos, salientando que os sobrados que constituíam a rua tinham, na parte do rés-do-chão, lojas, na parte superior, habitações e, na parte traseira, o local onde se mantinham os escravos.

Na zona adjacente, o Largo do Pelourinho, era o local onde se castigavam os escravos, acrescentou. "Essa história da cidade tem de ser conhecida, não só pelos seus habitantes, como também pelos seus governantes. É por isso que estamos aqui para, em parceria com a nossa governação e com os moradores. Esses dez anos têm sido extremamente frutuoso para nós", disse.

Maria Cristina Pinto referiu que, durante os dez anos de acção da Campanha Reviver, uma organização sem fins lucrativos, "aconteceram coisas boas e coisas más".

Como coisas más, Maria Cristina Pinto enumerou alguns exemplos, como a destruição da Rua do Sol, que vai dar ao Palácio Presidencial, na zona da Cidade Alta, e do edifício conhecido por Alfredo Troni, escritor e jornalista português que chegou a Luanda em 1873, situado ao lado da Universidade Lusíada.

"Muita coisa tem sido feita. Palestras, exposições, pesquisas a nível do centro histórico, pequenos livros sobre o património da cidade. Mas, para isso, temos de envolver não só a sociedade, mas chamar a atenção aos governantes que existe uma história neste país", frisou.

Por sua vez, Suzana Matos, do Centro de Estudos e Investigação Científica de Arquitectura da Universidade Lusíada, disse que em Luanda existem muitos bons exemplos de património com nova vida, começando por enumerar o Centro Cultural Angola-Brasil, que foi, na época colonial, o Grande Hotel.

"O Grande Hotel é um testemunho de uma nova vida que o edifício ganhou depois de uma revitalização (…), o Palácio de Ferro, que agora é um centro artístico com muita vida e de acesso público à comunidade de Luanda, a Fortaleza de São Miguel que hoje é um museu, o Palácio das Comunicações, construído como sede dos serviços centrais e telégrafos de Angola e agora é o Ministério dos Correios e Telecomunicações, e o Liceu Salvador Correia, que teve uma intervenção que conseguiu recuperar de forma excepcional a dignidade do edifício e manteve a sua função dedicado à educação", disse.

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