Segundo o presidente da Cooperativa de Táxis Comunitários de Angola, Rafael Inácio, a paralisação surge na sequência da subida pelo Governo do preço do gasóleo e consequentemente das tarifas dos transportes públicos.
Em causa estão as novas tarifas para os transportes públicos colectivos urbanos rodoviários de passageiros, ajustados depois do aumento, no início deste mês, do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro, no âmbito da retirada gradual pelo Governo do subsídio aos combustíveis, iniciada em 2023.
Os taxistas sublinham que se passaram mais de 15 dias sem o Governo "ouvir o grito de socorro dos taxistas", por isso, decidiram, "as Associações e Cooperativas de taxistas ANATA, ATA, CTMF, ATLA, CTCS, 2PN, AB-TAXI", paralisar os serviços de táxi nos dias 28, 29 e 30 deste mês.
Além do aumento do preço do combustível, os taxistas estão preocupados com aumento das peças de manutenção, a remoção de paragens de embarque e desembarque, sem aviso prévio às associações por parte das administrações municipais e da Polícia Nacional, bem como a falta de vontade do executivo em formalizar a actividade de táxi em Angola.
A classe está também insatisfeita com "a falta de consideração" pelas lideranças dos taxistas, nas tomadas de decisões por parte do executivo, pretendendo ainda a valorização desta actividade com uma carteira profissional.
Rafael Inácio salientou que a paralisação vai estender-se, além de Luanda, às províncias de Benguela, Huíla, Huambo, Bié, Bengo e Icolo e Bengo.
"O principal motivo desta manifestação visa obrigar o executivo a recuar na medida", disse à Lusa Rafael Inácio, sublinhando que são "um grupo de pressão" e acreditam que as suas reivindicações vão ser ouvidas.
O líder cooperativista considerou que a medida do aumento para 300 kwanzas da tarifa de táxi, tomada unilateralmente, "não foi a mais acertada".
A Agência Nacional de Transportes Terrestres passou de 200 para 300 kwanzas o preço do serviço de táxis colectivos (transporte ocasional de passageiros) e de 150 para 200 kwanzas a tarifa do serviço de autocarros urbanos, deixando ao critério dos órgãos da administração local do Estado os ajustes tarifários a serem feitos ao serviço intermunicipal de passageiros.
De acordo com Rafael Inácio, o taxista perdeu poder de compra e viu aumentado os custos operacionais, exemplificando que um pneu passou de 35 mil kwanzas para 105 mil kwanzas.
O responsável salientou que uma paralisação da actividade de táxi vai ter como consequência uma baixa na produção, destacando que caso não atinjam os seus objectivos vão "redefinir estratégias, criar ideias, arregaçar as mangas e continuar a lutar junto das instituições".
O objectivo é forçar o executivo a abrir diálogo com as associações, com as cooperativas e com os líderes deste segmento: "Esta é a nossa estratégia", referiu.
Para esta paralisação, os organizadores estão a contar com a adesão de mais de 60 mil taxistas, que anuíram à mobilização feita nos últimos dias.
"Vamos augurar que consigamos atingir os objectivos traçados", disse o presidente da Cooperativa de Táxis Comunitários de Angola, defendendo um recuo da medida tomada pelo Estado do aumento do preço do gasóleo.
A fonte reiterou que os taxistas pretendem "despertar no executivo que as medidas mal tomadas têm consequências", apelando à manutenção dos preços anteriores.