Jorge Bengue, que integrou a comitiva de embaixadores da União Europeia que realizam uma visita às províncias do Huambo e Bié, sublinhou que a experiência adquirida com o Corredor do Lobito permitiu acelerar os preparativos para a próxima etapa: "Levámos cerca de três anos a preparar a concessão do Corredor do Lobito. Foi uma aprendizagem. Agora estamos prestes a lançar o concurso do Corredor Sul".
A visita, que decorre no âmbito do acompanhamento dos projectos financiados e co-financiados pela União Europeia (UE) no Corredor do Lobito, teve como objectivo observar no terreno as iniciativas europeias.
A comitiva, liderada pela delegação da UE em Angola, integra nove dos 10 diplomatas e seus representantes acreditados em Angola, bem como outras entidades relacionadas com a infra-estrutura, câmaras de comércio e responsáveis do governo central e local.
A concessão do Corredor do Moçâmedes inclui não só a gestão e operação da linha férrea que liga o interior da província da Huíla ao porto do Namibe, como também a sua interligação futura com a Namíbia e a requalificação do porto do Namibe, transformando-o numa plataforma logística regional.
"O operador que vier a ganhar o concurso terá como uma das opções a interligação de Angola com a Namíbia", destacou o governante.
A ligação ferroviária do Corredor do Lobito à Zâmbia está igualmente a avançar, com estudos já concluídos e a fase de estruturação financeira em curso, adiantou.
A estratégia insere-se no Programa de Desenvolvimento do Sector Ferroviário 2023–2028, que prevê um investimento total de 12,2 mil milhões de dólares, com financiamento repartido entre fundos públicos e privados.
A proposta de concessão do Corredor do Moçâmedes surge num momento em que Angola quer valorizar os seus eixos logísticos e de transporte, pretendendo que o Corredor Sul sirva como motor de desenvolvimento industrial e mineiro.
O plano inclui seis concessões ferroviárias nas três grandes linhas existentes: Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), integrado no Corredor do Lobito e concessionado à Lobito Atlantic Railway, Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) e Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL).
Segundo Jorge Bengue, o Corredor do Moçâmedes tem "características diferentes" do Lobito.
Enquanto este serve actualmente para o transporte de carga regional, sobretudo minerais do Congo, o Corredor Sul está mais vocacionado para a circulação de carga resultante da produção nacional, em particular da actividade mineira em larga escala. "Estamos a requalificar e ampliar o porto do Namibe para complementar as duas infra-estruturas e termos então aquilo que nós queremos, que é um desempenho eficiente do corredor em si e começarmos a dar os passos para a interligação com a Namíbia", explicou.