A denominada Sociedade Civil Contestatária e a Unidade Nacional para Total Revolução de Angola (UNTRA) são os organizadores desta marcha na capital, que está a ser amplamente difundida nas redes sociais.
“Quem cala consente, quem marcha transforma”, é um dos lemas da marcha, cuja concentração está agendada frente ao Mercado de São Paulo e deve seguir até perto da sede da Assembleia Nacional, disse à Lusa Serrote José de Oliveira, membro da organização.
“O Governo subiu o gasóleo e há previsão de subir também a gasolina até Setembro para 1000 kwanzas, então, é uma atitude que nós repudiamos e vamos à rua para dizer que não aceitamos essa medida”, afirmou o activista.
Serrote José de Oliveira, vulgarmente conhecido por “General Nila”, coordenador da UNTRA, criticou as políticas públicas do Governo, que penalizam a vida dos cidadãos, e sinalizou que o país deve registar mais manifestações nos próximos meses contra as medidas do Governo.
“[Essa marcha] é uma forma de chamar atenção, essa será apenas a abertura, porque daqui a [umas] semanas teremos mais uma outra manifestação, para o dia 9 de Agosto”, referiu o activista.
“General Nila” afirmou que a marcha já foi comunicada ao Governo Provincial de Luanda (GPL) e ao Comando Provincial da Polícia Nacional, exortando os cidadãos a participarem do protesto porque “Angola está de luto”.
Porque “300 kwanzas para o táxi é muito, e conforme o [Presidente da República] João Lourenço está a governar [o país], é porque o cidadão angolano aceitou ser escravo, mas é preciso nos levantarmos e discutir os nossos direitos”, defendeu.
O activista criticou a oposição política do país, que disse estar “dominada pelo regime que governa” (MPLA), e salientou que o povo vai marchar em defesa dos seus direitos.
De acordo com uma nota da organização remetida ao GPL e ao Comando da Polícia, a que a Lusa teve acesso, a marcha de repúdio da sociedade civil à subida do combustível e ao preço do táxi tem concentração marcada para o largo do Mercado do São Paulo e deve seguir até ao Largo da Maianga, centro de Luanda, a 200 metros da sede do parlamento.
As últimas marchas de protesto em Luanda têm sido reprimidas pela polícia, conforme relatos anteriores de activistas.
A marcha está a ser convocada também noutras províncias, através de publicações nas redes sociais, constatou a Lusa, e está a ser apoiada por dirigentes de partidos políticos como o Bloco Democrático e o PRA-JA Servir Angola.
A tarifa dos táxis coletivos (vulgo “candongueiros”) passou a ser de 300 kwanzas por viagem e a dos autocarros urbanos sobe para 200 kwanzas por viagem, desde Segunda-feira, uma medida contestada em vários círculos sociais e políticos do país.
As novas tarifas entraram em vigor na Segunda-feira depois do aumento do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro a 4 de Julho, no âmbito da política de retirada progressiva dos subsídios aos combustíveis.