"Nós temos projectado claramente que o IPO [venda em bolsa do BFA] seja no final de Setembro, e temos praticamente todo o trabalho executado e efectuado para que isso aconteça neste prazo", disse João Pedro Oliveira e Costa na apresentação dos resultados do banco no primeiro semestre.
O banqueiro apontou que a preparação desta operação foi feita com "muito cuidado", uma vez que representa a entrada em bolsa do maior banco em Angola e que a "bolsa angolana ainda não tem um desenvolvimento muito significativo".
Apesar de se dizer muito contente com o processo, o presidente do banco mostrou alguma preocupação com os últimos acontecimentos em Angola, que tem sido palco de violência.
No âmbito da paralisação de três dias decretada pelos taxistas, em protesto contra o aumento do preço dos combustíveis, registaram-se episódios de violência, tumultos, e saques em armazéns e estabelecimentos comerciais, bem como a destruição de bens públicos e privados, provocando pelo menos 22 mortes e 197 feridos.
Apesar destes tumultos, que espera que sejam momentâneos e que "podem não ser positivos para os investidores internacionais ou para quem queira investir", João Pedro Oliveira e Costa está convicto de que a situação suavize nos próximos tempos e que a entrada em bolsa possa acontecer "em final de Setembro".
Actualmente, o BFA é detido em 51,9 por cento pela operadora de telecomunicações estatal angolana Unitel (nacionalizada em 2022, incluindo a participação de Isabel dos Santos) e em 48,1 por cento pelo BPI.
Desde 2017, o BPI tem uma recomendação do Banco Central Europeu (BCE) que o obriga a reduzir a exposição a Angola, pois considera que a supervisão angolana não é equivalente à europeia.
João Pedro Oliveira e Costa disse em Julho do ano passado que será vendido em bolsa 29,75 por cento do BFA, sendo 15 por cento da Unitel e 14,75 por cento do BPI, valores que confirmou esta Quinta-feira.
"Eu não tenho nenhum dado em concreto para alterar essa posição daqui até ao IPO. Os assuntos estão praticamente fechados, neste momento não faria muito sentido, até porque atrasaria completamente o processo", acrescentou.
A venda de parte do BFA será feita na bolsa de Luanda.
O BPI divulgou esta Quinta-feira que teve lucros de 274,5 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano, numa quebra homóloga de 16 por cento.
Neste período, a actividade do BFA contribuiu com 43 milhões de euros.
