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Consultora BMI: kwanza, petróleo e reformas são os principais riscos em Angola

A consultora BMI, do grupo Fitch Solutions, considerou esta Quarta-feira que uma desvalorização inesperadamente grande do kwanza, uma queda dos preços do petróleo ou atrasos nas reformas são os principais riscos para a economia de Angola.

: Facebook Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás Angola
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"Os principais riscos são os preços do petróleo caírem abaixo das previsões, o que colocaria uma pressão adicional na taxa de câmbio oficial, fazendo subir a inflação, uma excessiva depreciação da moeda, o que aumentaria os custos da dívida externa, colocando em risco a sustentabilidade da dívida, e atrasos nas principais reformas, que colocariam em perigo o crescimento económico e a estabilidade política a longo prazo", escrevem os analistas.

Numa nota sobre as principais previsões para Angola, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, esta consultora do grupo que detém a Fitch Ratings prevê ainda que a moeda angolana se desvalorize ao ponto de serem precisos 997 kwanzas por dólar, este ano, e 1.007 no próximo ano.

O comentário surge poucos dias depois da revisão da perspectiva de crescimento, com os analistas da BMI a preverem agora uma recessão económica em Angola este ano, com uma queda de 0,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

"Prevemos que o PIB real vá contrair-se 0,7 por cento em 2023, depois de uma expansão de 3,1 por cento em 2022, o que é uma revisão em baixa face à nossa anterior previsão de 1,8 por cento", lê-se numa nota enviada esta semana aos investidores.

Na revisão das perspectivas de evolução da economia de Angola, os analistas explicam que "esta revisão reflecte largamente o impacto da forte desvalorização do kwanza em Junho", e acrescentam que "o aumento da inflação vai impactar no consumo das famílias e no investimento das empresas, o que coloca ainda mais pressão descendente na actividade económica do sector petrolífero".

A BMI, anteriormente conhecida como Fitch Solutions, detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, é das primeiras consultoras a assumir nas previsões que Angola pode voltar ao crescimento negativo que enfrentou entre 2016 e 2021, motivando a intervenção do Fundo Monetário Internacional.

"Como não prevíamos que o crescimento abrandasse para menos de 1 por cento [no segundo trimestre] e por causa da forte desvalorização do kwanza, que caiu 39,6 por cento só em Junho, e o impacto inflacionário, prevemos agora que haverá uma contracção de 0,7 por cento no PIB real, pior que a nossa anterior estimativa de 1,8 por cento de crescimento", escrevem.

As más notícias continuam na inflação e na produção petrolífera, com a BMI a prever uma aceleração da inflação de 11 por cento para 15 por cento, chegando ao final do ano nos 17 por cento face ao período homólogo, e com a produção petrolífera a cair 2,4 por cento, o que, aliado à queda de 19,2 por cento no preço do barril, para 80 dólares em 2023, "vai aumentar o impacto da queda da produção de petróleo".

Olhando para 2024, a previsão da BMI aponta para um regresso a um crescimento de 0,6 por cento "devido à ligeira recuperação dos preços do petróleo, que vão subir 2,4 por cento para 83 dólares por barril, e ao abrandamento da queda da produção interna", para 1,7 por cento.

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