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Governo recomenda novos usos para a madeira dos polígonos florestais

O Governo recomenda o aproveitamento da madeira dos polígonos florestais para a construção e indústria de mobiliário, devido à mudança dos objectivos para os quais foram criados, há 65 anos, nomeadamente a utilização nos caminhos-de-ferro.

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A recomendação consta no Plano Estratégico de Intervenção nos Perímetros Florestais elaborado pelo Ministério da Agricultura e Florestas de Angola, a que agência Lusa teve acesso, orientando que a madeira remanescente seja disponibilizada para a indústria de mobiliário, contraplacado, postes e construção.

O documento refere que as actuais locomotivas já não são movidas a lenha e, em grande medida, as travessas de madeira foram substituídas por outro tipo de material, situação que "limita consideravelmente o aproveitamento dos atuais polígonos florestais, com mais de 65 anos, quanto aos objectivos que levaram ao seu estabelecimento".

Segundo ainda as directrizes para a exploração do material lenhoso nos actuais polígonos florestais, esta cabe às empresas públicas, privadas, investidores nacionais e estrangeiros, na base de contrato de concessão florestal, por via de concurso público e adjudicação a empresas públicas vocacionadas para constituírem parcerias público-privadas.

Entretanto, os contratos de concessão florestal concedidos e a extração de material lenhoso estão condicionados ao reflorestamento das áreas exploradas, realça o documento.

O Governo criou o Plano Estratégico com o objectivo de assegurar a gestão sustentável e integrada dos polígonos florestais existentes, implementando um novo modelo de gestão, com vista a contribuir para a estratégia de diversificação da economia e promoção das exportações de produtos de origem florestal.

O plano, com um horizonte temporal de dez anos, tem como objectivos específicos avaliar 148.000 hectares correspondentes à área original de todos os polígonos florestais, aproveitar economicamente a madeira existente na área com plantações remanescentes estimada em 54.366 hectares, bem como promover o povoamento de uma área de expansão de 52.000 hectares e celebrar contratos de concessão florestal com 20 empresas.

A formação de 1050 apicultores tradicionais das comunidades locais, a instalação de 30.500 colmeias melhoradas, a produção de 630.000 quilogramas de mel por ano, a formação de 150 fiscais e a instalação de 25 postos fixos devidamente equipados são também objectivos específicos do plano governamental.

Angola estava entre os três maiores detentores de plantações florestais no mundo, constituídas maioritariamente por espécies de eucalipto e pinus, que se estendiam pelas províncias do Huambo, Bié, Benguela, Huíla e Malanje, numa área de 148.000 hectares.

No período colonial português, os perímetros florestais eram compostos por espécies exóticas para abastecimento de matéria-prima para a Companhia de Celulose e Papel de Angola e de energia para as locomotivas do Caminho-de-Ferro de Benguela.

De acordo com o Plano, o estado de conservação destes perímetros florestais é caracterizado por plantações envelhecidas, degradadas e desajustadas dos objetivos para os quais foram constituídos, situação que limita atualmente o seu aproveitamento à produção de madeira e de postes de condução de energia ou telecomunicações.

"Dados do inventário florestal levado a cabo nas províncias de Benguela, Huambo e Bié, em 2010 e atualizados em 2013, indicavam a existência de uma área plantada de cerca de 60,7 mil hectares, o que representa uma redução de 58,9 por cento da área histórica registada até 1975", lê-se no documento.

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