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Milton Tavares: “Quero levar o nome de Angola pelo mundo fora e mostrar que também somos capazes”

Chama-se wakeboard e é um desporto radical aquático que cresce a olhos vistos pela costa de Angola. Milton Tavares, ou Mitó, como lhe chamam os amigos, é um dos wakeboarders mais relevantes no panorama nacional. Começou pela prática de kitesurf, criou uma escola, mas como nem sempre estavam reunidas as condições ideais para praticar esse desporto, o wakeboard surgiu como resposta ao problema. A paixão foi crescendo e acompanhando a perfeição nas manobras, que o levaram duas vezes ao pódio. Agora, quer continuar a treinar e a aperfeiçoar-se, para que suba novamente ao pódio e ganhe a medalha mais cobiçada.

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Milton, fale-me de si... Onde nasceu e cresceu, que idade tem, o que estudou...

O meu nome é Milton Monteiro Tavares, tenho 28 anos de idade, e nasci em Luanda, no seio de uma família de nove irmãos. Os meus amigos de infância chama-me Mitó, e sou filho da ilha de Luanda. Cresci na ilha, sempre junto ao mar, ganhando assim a inspiração pelos desportos aquáticos, desde muito cedo. Estudei Gestão de Empresas, na Universidade Lusíada de Angola, e em 2014 formei-me na IKO [International Kiteboarding Organization], em Cabo Verde, na ilha de Santa Maria.

Como surgiu a paixão pelo desporto aquático? Foi influenciado por alguém?

Comecei a praticar kitesurf em 2007, por influência de um tio, Binelde Hyrcan, que se encontrava de férias em Luanda, e trouxe dois kites. Na altura, eu nem sabia como montar um harness, e perguntava-lhe sempre que brinquedo era aquele... (risos) Este foi o ponto de partida para esta grande e arriscada paixão, que se tornou o meu sonho.

A popularidade do desporto, e a vontade de desenvolver a modalidade em Angola, impulsionou-me a criar a escola de kitesurf, uma escola que já é uma realidade. Quem passa pela ilha de Luanda, não deixa de reparar nos papagaios, que dão cor ao céu, onde dezenas de entusiastas se juntam, para apreciar e aprender este desporto radical.

A paixão pelo wakeboard nasceu em 2008. Nem sempre havia condições propícias para a prática do kitesurf, e com o decorrer do tempo, foi nascendo uma nova paixão, o wakeboarding. Sempre que terminava uma sessão de wakeboard, assistia aos vídeos dos grandes nomes da modalidade, para aperfeiçoar e aprender as novas manobras e técnicas.

Visto ser um desporto ainda recente, porque escolheu o wakeboard?

Escolhi o wakeboard, por ser uma modalidade muito parecida com o kitesurf, principalmente nas manobras. Praticando o wakeboard melhoro as técnicas.

Há quanto tempo pratica wakeboard e desde quando entra em competições?

Pratico wakeboard há oito anos. Em 2015, estava em missão de serviço em Cabo verde, na ilha de Santa Maria, e vi o anúncio do Campeonato Mussulo Wake Fest, que foi organizado pelo grupo Social Team. Isto foi uma das melhores notícias que vi, simplesmente por ser a primeira competição de wakeboarding a ser organizada em Angola. Entrei em contacto com o pessoal da organização, e perguntei o que era necessário para participar. Deram-me as informações necessárias, e dois dias antes do evento fui para Angola, para participar no campeonato. Participei, e consegui o segundo lugar, porque na semi-final tentei fazer um 360 e em seguida um slide, e infelizmente não conclui a manobra.

Quais são as tuas melhores manobras? E as que gostavas de conseguir fazer?

As minhas melhores manobras são o ollie, o jump, o rail slide, o power slide, o 360 handle pass, o 180 switch, e o back side 180. As manobras que mais gostava de conseguir fazer são o back roll, o bs shifty to fs 180, o s-bend, o ts back roll to revert, entre outras.

Para si, este desporto radical é só um hobby ou algo mais?

Para mim, este desporto não é só um hobby, mas também um escape, para descomprimir e desfrutar, das maravilhas que a natureza nos oferece.

Quem são os seus ídolos na modalidade? Há algum veterano que destaque?

Os meus maiores ídolos são o Daniel Fetzy, o Shaun Murray e o Taylor Kress, entre outros. Veterano, destaco o português Francisco Martinho Lopes, o qual tive o prazer de conhecer pessoalmente e aprender manobras novas.

Nas duas edições do Mussulo Wake Fest, em 2015 e 2016, subiu ao pódio do Campeonato Nacional de Wakeboard Freestyle, mas em nenhuma das vezes conseguiu a medalha mais cobiçada. O que faltou para arrecadar a medalha de ouro?

Em 2015 faltou um pouco mais de preparação... Não tive muito tempo para me preparar para a competição. Umas semanas antes do campeonato, estava em Cabo Verde a dar aulas de kitesurf, e não tinha muito tempo para treinar. Em 2016, a competição foi bem mas competitiva em relação ao campeonato anterior. Havia mais participantes, e torna-se mais difícil. Mas tenho a certeza que, no próximo campeonato, estarei mais preparado e irei conseguir a medalha de ouro.

Qual o espírito que se vive no Mussulo durante o campeonato?

Durante o campeonato vivem-se momentos de pressão, euforia, emoção e todas as vibrações positivas, pelo simples facto de estarmos submetidos a desafios.

Quantas vezes já subiu ao pódio? E em qual das vezes lhe deu mais satisfação?

Em campeonatos de wakeboard já subi ao pódio duas vezes. Tive mais satisfação na primeira vez, embora tenha alcançado o segundo lugar, mas o facto de ser a primeira edição, e estar presente no pódio, senti-me muito feliz.

Que medalha ainda não ganhou mas ambiciona ganhar?

Infelizmente, ainda não alcancei o primeiro lugar, em nenhum campeonato de wakeboarding... Mas pretendo ganhar a medalha mais cobiçada, na terceira edição do campeonato nacional, porque tenho estado a treinar para melhorar as minhas skills.

Quais são os seus objectivos como wakeboarder?

Como wakeboarder tenho três objectivos principais: participar em campeonatos internacionais, com o objectivo de levar o nome de Angola pelo mundo fora, e mostrar que também somos capazes; ter patrocinadores, simplesmente por tratar-se de um desporto de elite, e com um potencial na divulgação de marcas e empresas, que queiram ter visibilidade; e por último, treinar muito e dar o meu máximo, para obter resultados positivos.

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