"Queremos uma África cada vez mais próspera, uma África cada vez mais envolvida e, seguramente, uma África que dependa cada vez menos de outros continentes", disse, em declarações à agência Lusa à margem do Fórum Ibrahim, a decorrer em Marraquexe.
No cargo há cerca de seis meses, Quiosa foi convidada a assistir ao evento, cujo tema, "Alavancar os recursos de África para colmatar o défice financeiro", tem como contexto a redução da ajuda externa dos Estados Unidos e de países europeus.
Vários dos oradores defenderam a necessidade de os líderes africanos assumirem maior responsabilidade e controlo sobre o desenvolvimento social e económico dos países, usando os recursos naturais e financeiros existentes no continente.
A dirigente do partido no poder desde 1975 em Angola concordou que "é preciso que esta África seja feita por africanos" e que deve "deixar de depender de outros continentes".
"Nós temos muitos recursos naturais, nós temos mais do que recursos naturais, nós temos recursos humanos, temos o capital humano que no fundo é a nossa grande bandeira", sublinhou.
Segundo Quiosa, Angola tem registado um progresso no sentido de maior auto-suficiência.
"O Governo angolano tem estado a fazer um esforço muito grande, principalmente no âmbito da diversificação da economia. Portanto, a ideia é continuarmos a ter cada vez menos dependência do petróleo, como foi acontecendo durante muito tempo", exemplificou.
Ao mesmo tempo, o Governo tem estado a investir no aumento da produção nacional, em particular na agricultura, e em infra-estruturas, acrescentou.
"Continuamos a investir cada vez mais em fertilizantes, em terras aráveis, em agricultura mecanizada e com grandes extensões de terra, porque, felizmente, temos um país grande", referiu.
O desenvolvimento das infra-estruturas rodoviárias, continuou, permitem "o escoamento do produto do campo para a cidade", facilitando tanto a mobilidade de pessoas como de bens.
O crescimento da agricultura em Angola está não só a possibilitar a exportação para a Europa, América e outros países africanos, como está a reduzir a importação de produtos agro-alimentares, como os ovos, disse.
"O desenvolvimento também passa por isso. É preciso acabarmos ou largarmos um bocadinho a dependência que tínhamos na necessidade de importação de muitos bens", evidenciou.
De acordo com o relatório "Financiar a África que queremos", publicado pela Fundação Mo Ibrahim, que organiza a conferência, Angola está entre os três países com maiores encargos no reembolso da dívida externa, superando os 10 mil milhões de dólares por ano.
No estudo refere-se que estes compromissos limitam os investimentos públicos em sectores como a saúde, a educação ou a adaptação às alterações climáticas.
A vice-presidente do MPLA lembrou que, ao liquidar a dívida ao Brasil cinco anos antes do prazo, em 2019, Angola demonstrou o esforço que está a fazer neste capítulo para melhorar a credibilidade financeira.
"Eu acho que África e Angola, de uma forma geral, têm estado a dar estes sinais e eu acho que são sinais bastante positivos. Ao pagar as dívidas é um sinal de confiança. É um sinal de que nós somos um país sério e temos estado a honrar os nossos compromissos financeiros internacionais", afirmou Mara Quiosa à Lusa.
A conferência IGW 2025, iniciada Domingo, decorre até Terça-feira em Marraquexe.
Políticos, académicos e activistas debatem como podem os países africanos mobilizar-se para acelerar o desenvolvimento social e económico num contexto internacional de declínio da ajuda externa.