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Associação diz que angolanos com albinismo enfrentam mitos e desafios de inclusão nas zonas recônditas

Angola está entre os países da África subsaariana com menos mitos sobre as pessoas portadoras de albinismo, mas regista ainda desafios de inclusão, na saúde, educação, trabalho e habitação, segundo a organização que defende os albinos.

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Em declarações à imprensa, o porta-voz da 3.ª Conferência Nacional Pró-Albino, que decorreu sob o lema "Uma Década de Progresso Colectivo", disse que o encontro serviu para reflectir sobre o impacto do Plano de Protecção às Pessoas com Albinismo (PAPPA) 2023-2027.

Segundo Paulo Carvalho, na segunda conferência foram deixadas várias recomendações, mas a maior parte delas não se concretizaram, sendo uma delas apurar-se a veracidade de denúncias sobre o sacrifício de bebés recém-nascidos com albinismo.

Paulo Carvalho referiu que "é algo que também tem que se ver", para se sensibilizar as pessoas.

"O que se diz é que são questões ligadas aos mitos, existem muitos mitos voltados para os albinos. Um deles é que se tu tiveres um filho albino ele iria trazer maldição para a família, então da mesma maneira que ele veio, ele devia voltar, por isso é que no momento do nascimento, as crianças, segundo a denúncia, eram mortas. Penso que é nessa zona do Cunene", indicou.

O responsável salientou que existem muitos mitos sobre a questão do albinismo em Angola, mas devido a uma maior literacia, os mesmos "têm caído por terra", contudo, a situação ainda se verifica em zonas recônditas.

"Por exemplo, eu cresci a ouvir dizer que se as pessoas estivessem ao pé de uma pessoa portadora de albinismo e não molhassem a barriga com saliva iriam tornar-se albinas. São mitos complicados, em Angola numa proporção melhor, por isso é que nós dissemos que a nível da África subsaariana Angola é o melhor país", vincou.

Relativamente ao PAPPA, Paulo Carvalho defendeu uma maior interacção entre Governo e esta franja da sociedade, para as ajudas que este programa contempla para as pessoas albinas.

"Infelizmente nós ainda temos pessoas a morrerem com problemas de cancro da pele, ainda temos problemas de pessoas portadoras de albinismo que não têm óculos, devido ao elevado custo", apontou.

De acordo com Paulo Carvalho, muitos albinos têm-se queixado de dificuldades para entrarem no mercado de trabalho e os que trabalham queixam-se do problema de não conseguirem atingir lugares de liderança e de gestão.

O Decreto Presidencial n.º 193/23, de 9 de Outubro, criou o PAPPA que visa o reforço das acções de salvaguarda da dignidade, do direito de protecção e da integração social da pessoa com albinismo, com concretização até 2027.

O plano define 13 áreas prioritárias no apoio e protecção a pessoas com albinismo, designadamente a educação, sensibilização e formação, saúde, ordem e tranquilidade públicas, transporte, pesquisa investigativa e monitorização e relatórios de direitos humanos.

Entre as prioridades destacam-se também acções nas áreas da justiça e assistência à vítima, legislação, ensino superior, ciência, tecnologia de informação, desporto, inclusão social, cultura, protecção e segurança social, habitação e acessibilidade laboral.

O PAPPA, avaliado em 47,3 mil milhões de kwanzas, está alinhado com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Agenda 2030 dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas e com o Plano de Acção sobre Albinismo em África.

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