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Comércio intra-africano de Angola cresceu com zona de comércio livre continental

Angola e São Tomé e Príncipe estão entre os países cujo comércio intra-africano mais cresceu com a entrada em vigor da Zona de Comércio Livre Continental Africana [AfCFTA, na sigla em inglês], segundo um relatório apresentado pelo Afreximbank.

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O documento, intitulado "Relatório sobre o Comércio em África de 2024" e que tem como subtítulo "Implicações climáticas da aplicação da AfCFTA", foi apresentado nesta Quarta-feira, primeiro dia de trabalhos das Reuniões Anuais do Banco Africano de Exportação e Importação (Afreximbank), que decorre em Nassau até à próxima Sexta-feira, paralelamente ao 3.º Fórum de Comércio e Investimento Afro-Caribenho (ACTIF2024).

O relatório investiga o impacto da AfCFTA nas emissões de carbono, utilizando o modelo do Projecto de Análise do Comércio Global (GTAP)-E-Power, um modelo de equilíbrio geral computável (EGC) que detalha as emissões do sector energético.

No documento examina-se o impacto climático relativo da AfCFTA em dois cenários, no primeiro simula o seu impacto nas economias africanas e nos níveis de emissões, o que implica a introdução de uma redução de 97 por cento nas tarifas do comércio de mercadorias e uma diminuição das barreiras não comerciais no comércio de serviços.

"Implícito no Cenário Um está o pressuposto de que o aumento do comércio intra-africano impulsionado pela aplicação da AfCFTA conduzirá a uma redução do comércio extra-africano", considera-se.

Elaborado por uma equipa liderada pelo economista chefe do Afreximbank, Yemi Kale, o documento alinha-se com um estudo técnico mais alargado sobre "As implicações da descarbonização sobre os Imperativos de Desenvolvimento de África: Revisão das vias e do papel da AfCFTA", encomendado pelo Afreximbank em 2023, o qual sugere que uma descarbonização abrupta poderia afectar ainda mais o PIB e as exportações de mercadorias de África em 1 por cento e 14,6 por cento, respectivamente.

A avaliação revela ainda que todos os países africanos registaram um aumento do seu PIB no contexto da aplicação da AfCFTA, com a Costa do Marfim e a África do Sul a registarem os maiores aumentos: 7,01 mil milhões de dólares e 4,42 mil milhões de dólares, respectivamente.

Além daqueles dois países, os maiores aumentos do comércio no continente foram também registados por Angola e São Tomé e Príncipe, e ainda República do Congo, República Democrática do Congo e Marrocos.

No documento revela-se ainda que outro país lusófono, Moçambique, e também o Maláui, Maurícias e o Togo registaram o maior aumento de emissões por percentagem no continente, enquanto Costa do Marfim, Egipto, Etiópia, Guiné-Conacri, Marrocos, Nigéria e a África do Sul registaram reduções de emissões.

O segundo cenário introduz as mesmas reduções nas barreiras tarifárias e não comerciais, mas assume que o comércio extra-africano se mantém nos níveis anteriores à AfCFTA.

No relatório conclui-se que, segundo as condições no Cenário Um, as emissões geradas pelas nações africanas aumentariam apenas ligeiramente em resultado da AfCFTA, especificamente em 0,08 por cento, impulsionado principalmente por um aumento dos produtos importados utilizados como factores de produção.

O relatório também prevê que, no Cenário Um, a AfCFTA levaria a um aumento de 0,91 por cento no PIB do continente, um aumento de 33,04 por cento no comércio intra-africano e um aumento global de 1,19 por cento na produção do continente.

Neste cenário, no relatório revela-se ainda um declínio marginal no comércio extra-africano com a aplicação da AfCFTA.

O acordo de livre comércio em África, aprovado em 2019, entrou em vigor no princípio de 2021 e abrange um mercado com mais de 1.300 milhões de consumidores.

O tratado, que elimina os direitos aduaneiros sobre 97 por cento das mercadorias comercializadas entre países africanos, liberaliza o comércio de serviços e melhora as infra-estruturas de regulação e comércio, tendo 54 dos 55 Estados membros da União Africana já assinado o acordo de constituição da AfCFTA.

Apenas a Eritreia continua de fora.

Mais de três mil delegados, incluindo chefes de Estado e de Governo de África e Caraíbas, iniciaram esta Quinta-feira, em Nassau, as Reuniões Anuais do Afreximbank (AAAm2024) e o 3.º Fórum de Comércio e Investimento Afro-Caribenho (ACTIF2024).

Os dois eventos decorrem sob o tema "Donos do Nosso Destino: Prosperidade Económica na Plataforma da África Global" e terão painéis de debate centrados na definição de soluções para os desafios que afectam as economias da África e das Caraíbas.

A organização anunciou que pretende concluir mais de 25 acordos de investimento no que será um primeiro passo para a criação de um Acordo de Comércio Livre Afro-Caribenho.

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