Ver Angola

Política

UNITA: autoridades estão a criar “bode expiatório” para fugir à essência das manifestações

A UNITA disse esta Segunda-feira que as autoridades estão a criar um “bode expiatório” para tentar fugir à essência dos problemas do país, com a acusação do seu alegado envolvimento na organização das manifestações de Sábado passado.

: Ampe Rogério
Ampe Rogério  

O secretário-geral da JURA, braço juvenil da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), lamenta que a polícia tenha "embarcado no campo político, quando a mesma é vítima do actual contexto socioeconómico do país".

"Nunca as forças de segurança e ordem estiveram tão miseráveis como estão hoje, mas são arrastadas numa lógica política que é para tentarem ir ao encontro de uma narrativa construída pelo Presidente (da República), João Lourenço", disse esta Segunda-feira Nelito Ekuikui à Lusa.

Para o líder da Juventude Unida e Revolucionária de Angola (JURA), João Lourenço "tem sido incapaz de governar Angola nos últimos anos".

"Aqui o que está a acontecer é criar um bode expiatório para tentar fugir a essência do problema, que é a alteração do preço da gasolina, é a cesta básica que alterou significativamente o preço", referiu.

Apontou o encerramento dos armazéns e o combate à venda ambulante, "numa economia que é 90 por cento informal", como cerne dos protestos dos cidadãos.

"Agora o Presidente João Lourenço não consegue dar resposta a esses problemas, precisa responsabilizar terceiros no sentido de sair de fininho para um problema que ele próprio causou", frisou Nelito Ekuikui.

A polícia acusou, em comunicado de imprensa, os deputados, dirigentes e militantes da UNITA de terem participado de forma directa na organização dos actos de desordem pública, resultantes das manifestações, sobretudo de Luanda e Benguela.

Nelito Ekuikui e Adriano Sapinãla, secretário provincial da UNITA em Luanda, estiveram presentes na marcha da capital.

Activistas e membros da sociedade civil foram os promotores da manifestação nacional contra a subida dos preços do combustível, fim da venda ambulante e a Lei das Organizações Não-Governamentais, que em Luanda foi dispersada pela polícia nacional com bombas de gás lacrimogéneo.

"Em Luanda e Benguela, contrariamente ao que ocorreu nas outras províncias, os promotores das manifestações não observaram os pressupostos legais exigidos e, em desobediência às indicações sobre o itinerário preestabelecido, primaram por arruaças, rebelião e violência contra as forças policiais", lê-se no comunicado.

Ekuikui recordou que a JURA, na sua reunião de Bailundo (província do Huambo) anunciara "apoio total e incondicional a esta manifestação que se realizou nos termos da Constituição e da lei".

"Portanto, está em comunicado e nós sempre assumimos que estaríamos presentes, como estivemos", realçou.

O também deputado desfiou mesmo o Presidente a recuar na medida da subida do preço do combustível.

"Baixe o preço da gasolina, tudo ao normal, ele (Presidente da República) pode recuar, ele é humano e falha e não é o facto de ser Presidente que ele não pode falhar, ele falha", apontou.

Aconselhou também o chefe de Estado a procurar avançar com medidas para estabilizar a economia do país, considerando que, "se assim acontecer, as pessoas, no dia seguinte, já não estarão nas ruas".

"Porque, ninguém instrumentaliza um indivíduo com fome, a fome em si instrumentaliza, o problema é a fome, este é que é o problema e se ele resolver este problema, de certeza terá uma governação pacífica e nós estaremos lá para apoiá-lo", afirmou.

O político da UNITA lamentou ainda que a marcha tenha sido reprimida, por divergências entre os manifestantes e as forças da ordem, estas que, a dado momento, disse, decidiram anular o itinerário que se tinha combinado.

"Porque se tivessem deixado a juventude marchar até ao largo das escolas não haveria incidente nenhum, porque é facto que a um dado momento eles barraram a estrada e houve esse desentendimento que, naturalmente, se transformou num momento menos bom", rematou Nelito Ekuikui.

De acordo com a polícia, as manifestações, em que empregou "meios tácticos operacionais moderados e proporcionais para a reposição da ordem pública", provocaram ferimentos a vários participantes, entre cidadãos e sete efectivos da corporação.

Relacionado

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.