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Construção

Fitch diz que construtoras portuguesas limitam empresas chinesas em Angola

A consultora Fitch Solutions considerou que a forte ligação das empresas de construção portuguesas e brasileiras em Angola impede que as construtoras chinesas, que valem quase um terço do mercado, tenham uma presença ainda mais significativa.

: Antonio Dasiparu
Antonio Dasiparu  

"O sector da construção em Angola revela uma presença significativa de empresas chinesas e portuguesas, com as chinesas a terem quase um terço (31 por cento) dos principais projectos de construção, enquanto as portuguesas têm 14 por cento e as brasileiras 10 por cento", a mesma percentagem que têm as japonesas e as sediadas em Hong Kong, lê-se numa análise da Fitch Solutions ao sector da construção em Angola.

No relatório, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings escrevem que "em 35 mercados da África subsaariana, as construtoras chinesas têm uma média de 41 por cento, o que mostra que, apesar de significativa, os 31 por cento em Angola colocam os chineses abaixo da média regional, o que deve acontecer devido à forte presença das empresas portuguesas e brasileiras nesta indústria em Angola".

Na análise, a Fitch Solutions escreve que "a grande percentagem da construção detida por empresas chinesas em Angola é indicadora de um grande volume de financiamento soberano e também de investimento dedicado a projectos específicos".

Entre as empresas portuguesas e brasileiras analisadas pela Fitch, a Mota Engil e a Odebrecht destacam-se, com a empresa portuguesa "a ter seis das sete principais obras no país, enquanto a Odebrecht representa 60 por cento das maiores construções brasileiras em Angola".

Na análise, os peritos da Fitch notam ainda que a parte de projectos internacionais no país financiados pelo Governo de Angola vai diminuir devido à queda das receitas petrolíferas, propiciando um aumento do financiamento internacional do desenvolvimento.

"O sector da construção é caracterizado por uma presença significativa de empresas chinesas e portuguesas, mostrando a forte ligação entre Portugal e Angola", refere-se no documento, no qual se explica que "uma grande parte dos projectos mais importantes é financiado por Angola, o que deverá diminuir devido à queda das receitas petrolíferas e aumenta, assim, a percentagem de projectos financiados internacionalmente".

Neste sentido, os analistas lembram que o acordo de assistência financeira assinado no final de 2018 com o Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de 3,7 mil milhões de dólares, prevê a eliminação dos empréstimos pagos em petróleo.

"Esperamos, assim, que o financiamento chinês para projectos fundamentais de infra-estruturas diminua, num contexto em que os doadores vão ser atraídos pelas reformas económicas e pelos esforços percepcionados de João Lourenço no combate à corrupção, o que vai aumentar a percentagem de projectos de desenvolvimento financiados internacionalmente”, conclui o relatório da Fitch Solutions.

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