A posição foi transmitida por Ricardo Velloso na conferência de imprensa final desta missão técnica do FMI, que iniciou as reuniões com o Governo e outras entidades, a 1 de Junho, em Luanda.
Começando por salientar que o nosso país "tem que aprender a viver com menos disponibilidade" de divisas, também tendo em conta a crise provocada pela quebra da cotação do barril de crude no mercado internacional, o economista brasileiro recordou que a inflação a um ano, que atingiu em Maio os 29,2 por cento, reflectiu-se num kwanza "fraco".
Assim, só desde Setembro de 2014, a moeda nacional angolana desvalorizou-se, recordou, em mais de 40 por cento, face ao dólar norte-americano, para 166 kwanzas para um dólar, à taxa oficial. No mercado paralelo - a única alternativa face à falta de divisas nos bancos - essa cotação está acima dos 500 kwanzas.
"Não olhamos a taxa de câmbio no mercado paralelo como uma indicação do que deve ser a taxa de câmbio oficial, ainda há muita especulação e pressão pontual nesse mercado, que é muito limitado. Mas há espaço, do ponto de vista da taxa oficial, para mais acção por parte do Banco Nacional de Angola [BNA], para diminuir a pressão que existe", apontou Ricardo Velloso.
Admitiu igualmente que as "restrições administrativas existentes para aceder a divisas à taxa oficial", tendo em conta que os bancos não disponibilizam e os leilões do BNA são reduzidos face à procura, "constituem um constrangimento à actividade e diversificação económicas" e "precisarão de ser levantadas gradualmente".
"A nossa recomendação também é que o BNA use um pouco mais das suas reservas internacionais para diminuir a pressão que existe a curto prazo. E também aumentar a remuneração dos activos em kwanzas, que estão por exemplo com taxas de juro negativas [tendo em conta a taxa de inflação face aos juros pagos] para depósitos, para cativar ativos das famílias e empresas", apontou Velloso.