Ver Angola

Banca e Seguros

Artur Santos Silva: "É bastante inadequado" forçar redução significativa da exposição a Angola

O presidente do Conselho de Administração do BPI considera "bastante inadequado" que o banco seja forçado a reduzir significativamente a exposição a Angola, até porque em caso de sucesso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank as circunstâncias poderão ser outras.

Jornal de Negócios:

"Começou mal e é bastante inadequado que o banco seja forçado, pelas condições em que o é, a alienar ou a reduzir esta participação de forma significativa num banco que é exemplar em Angola e que é o Banco de Fomento Angola", disse à Lusa Artur Santos Silva, à margem de uma conferência internacional sobre supervisão e regulação do sector financeiro, que decorre hoje em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, entidade de que também é presidente.

Questionado sobre a questão da redução da exposição a Angola, Artur Santos Silva sublinhou a necessidade de uma "melhor clarificação" pelas autoridades europeias.

Até porque, alerta, se a OPA tiver sucesso e, em termos consolidados, "o balanço e a dimensão" do banco espanhol CaixaBank permitirem acomodar os riscos de Angola identificados e os riscos de exposição ao Estado angolano, então esta matéria "terá que ser vista calmamente e pelos interessados".

"No caso de sucesso da OPA, competirá ao verdadeiro interessado, que passa a ser o CaixaBank - ao passar a deter o controlo do banco - ter uma palavra final", acrescentou Artur Santos Silva.

O presidente do Conselho de Administração do BPI acrescentou ainda que espera que "pelo tempo que ainda existe pela frente seja encontrada em definitivo uma solução adequada" entre as autoridades e os interessados.

Questionado sobre os quatro meses dados pelo Banco Central Europeu (BCE) ao CaixaBank, a partir do momento em que passar a controlar o BPI, para resolver o problema de exposição a grandes riscos que tem no mercado angolano, Artur Santos Silva respondeu que o prazo "é suficiente" para uma solução definitiva.

"Não são quatro meses, em relação ao que é previsível são perto de oito, porque depois da OPA concluída ainda há um período adicional de quatro meses, portanto no total estaremos a falar de sete, oito meses. Penso que é um prazo suficiente para que este assunto tenha uma definitiva resolução", disse.

Sobre a assembleia-geral de accionistas do BPI de 22 de Julho, Artur Santos Silva disse que o problema importante é a desblindagem dos estatutos. "Espero que os accionistas compreendam isso e não deixem de apoiar esta medida", disse.

Actualmente nenhum acionista do BPI pode votar com mais de 20 por cento dos votos, pelo que apesar de o CaixaBank ter quase 45 por cento do capital está limitado na sua acção, ficando assim numa situação semelhante à da angolana Santoro, que tem 18,58 por cento.

Na Quarta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu dar quatro meses ao CaixaBank, a partir do momento em que passar a controlar o BPI, para resolver o problema de exposição a grandes riscos que tem no mercado angolano. O período de quatro meses só começa a contar a partir da conclusão da OPA feita pelo CaixaBank sobre o BPI, “partindo do pressuposto que ela se realiza antes de Outubro de 2016”.

A OPA do Caixabank sobre o BPI foi anunciada em Abril, depois de o banco espanhol não ter conseguido chegar a entendimento com a angolana Santoro (empresa de Isabel dos Santos e segunda maior accionista do banco, com 18,58 por cento) sobre uma solução para o banco e sobretudo para a redução da exposição a Angola, onde o BPI tem o Banco Fomento de Angola (BFA).

O BCE considera Angola como um dos países que não tem uma regulação e supervisão semelhantes às existentes na União Europeia, pelo que o BPI tem de reduzir a sua exposição ao mercado angolano (dívida pública e a exposição ao BFA, onde detém 50,1 por cento) ou contabilizá-la a 100 por cento, o que Frankfurt estima em 5000 milhões de euros.

A operação em Angola é a ‘jóia da coroa' do BPI, sendo que no primeiro trimestre contribuiu com 37 milhões de euros para os resultados consolidados, ou seja, 77 por cento do total dos lucros do banco. O banco espanhol oferece 1,113 euros por acção e a OPA está condicionada à eliminação dos estatutos de bloqueio no BPI.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.