Cálculos feitos pela Lusa com base no Relatório Temático sobre as Características dos Idosos em Angola, publicado recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), indicam que o número de idosos terá crescido 46 por cento entre 2014 e 2024, passando de 612.430 para 895.554 pessoas com 65 ou mais anos.
"Estima-se que, num período de cerca de 10 anos, a população idosa poderá contar com aproximadamente mais 227.660 idosos, um crescimento de cerca de três por cento por ano", refere-se no estudo, que projecta para 2024 um total de 895.554 idosos.
Apesar deste aumento, os idosos continuam a representar uma fracção reduzida da população angolana: apenas 2,4 por cento em 2014 e com um índice de envelhecimento de cinco por cento, o que significa que existiam 100 jovens por cada cinco idosos — proporção que terá subido ligeiramente para 5,8 por cento em 2024.
O INE salienta que o relatório tem como principal fonte de dados os resultados definitivos do Censo Populacional de 2014, complementados por informações do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (2015-2016) e do Inquérito de Despesas e Emprego em Angola (2018-2019).
Segundo o Censo de 2014, da população residente com 65 ou mais anos de idade, 43,3 por cento eram homens e 56,7 por cento mulheres, sendo a área rural a que concentrava o maior número de idosos, refere o estudo.
As províncias de Luanda e Huíla são as que, em termos absolutos, detinham o maior número de idosos, com 102.982 e 68.190, respectivamente, enquanto Cunene e Bengo são as províncias que apresentam maior proporção de idosos em relação à sua população total, com cerca de quatro por cento.
O português (única língua oficial em Angola) é a língua mais falada na faixa etária com 65 anos ou mais (52,3 por cento), seguido do umbundu e do kimbundu (línguas nacionais de origem africana), com 33,9 por cento e 20,9 por cento, respectivamente.
A proporção de idosos com baixos níveis de escolaridade é elevada: mais de metade da população com 65 anos ou mais nunca frequentou a escola e apenas 2,8 por cento completaram o II ciclo do ensino secundário, segundo o relatório.
A taxa de alfabetização entre os idosos era de apenas 26,9 por cento, com acentuadas desigualdades entre áreas urbanas e rurais, e entre homens e mulheres.
Do ponto de vista económico, 39,5 por cento da população idosa encontrava-se empregada, sobretudo em actividades ligadas à agricultura, pesca e comércio informal, sendo a taxa de desemprego nesta faixa etária de oito por cento.