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Actuação de juízes coloca em risco dignidade dos detidos, diz bastonário

O bastonário da Ordem dos Advogados de Angola (OAA) considerou, esta Quinta-feira, “inaceitável” que juízes de família e do trabalho actuem como juízes de garantia, referindo que a situação coloca em risco a dignidade dos detidos.

: Facebook Csm Judicial
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José Luís Domingos lamentou que existam no país juízes não criminais a fazerem interrogatórios e a aplicarem medidas de coacção pessoal, como juízes de família, de trabalho e de outras jurisdições a desempenharem funções constitucionalmente reservadas aos juízes de garantia.

"Uma das garantias fundamentais para a concretização dos direitos é a especialização dos juízes, percebemos que é necessário aumentar o número de juízes, mas se afigura quase que inaceitável que juízes que estejam em outras jurisdições passem por juízes de garantias", disse.

Para o bastonário da OAA, tal situação coloca em risco "a dignidade dos detidos e põe em causa a finalidade da implementação dos mesmos [juízes de garantia]".

Na sessão em que se assinalou esta Quinta-feira o primeiro ano da entrada em funções da figura dos juízes de garantia no país, defendeu que o juiz de garantia "tem de o ser efectivamente e não um mero colaborador do sistema do acusatório e do Ministério Público".

"Pelo contrário, deve ser uma espécie de contraponto, ao Ministério Público", observou, realçando que o modelo processual penal angolano adoptado pelo legislador constituinte manifesta "uma clara opção política por um sistema processual penal de matriz acusatória".

Pelo menos 158 juízes de garantias entraram em funções no país, 2 de Maio de 2023, visando defender os direitos fundamentais dos cidadãos, decidindo sobre questões como a prisão preventiva ou domiciliária.

No entender de José Luís Domingos, um ano após a implementação do juiz de garantias, esta figura ainda não colmatou as debilidades que existiam no sistema processual que justificou a sua aplicação.

E em muitos casos até, argumentou, "tem contribuído para o agravamento da fragilidade da situação dos detidos e dos arguidos em Angola".

"Porém, essa constatação não invalida o mérito da sua implementação, pelo contrário, deve exigir de todos nós operadores da Justiça e não só uma atitude urgente que passa por identificarmos obstáculos que insistem em transformar o juiz de garantias em problemas", notou.

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