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Standard & Poor's: Angola com excedente de cinco por cento mas pagamentos da dívida sobem em 2023

A agência de notação financeira Standard & Poor's disse esta Segunda-feira que Angola deverá registar um excedente orçamental primário acima de cinco por cento do PIB, mas alertou para o forte aumento dos pagamentos de dívida a partir de 2023.

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"Graças ao actual nível elevado dos preços do petróleo, estimamos que Angola deverá registar um excedente orçamental primário [sem contar com os juros] acima de cinco por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, o segundo melhor em África; isto vai ajudar a aliviar as preocupações de curto prazo sobre a liquidez, mas notamos que os pagamentos de dívida externas vão aumentar significativamente a partir de 2023, quando os acordos de reestruturação da dívida com dois bancos chineses terminarem", refere a Standard & Poor's.

Em declarações à Lusa no seguimento de um relatório sobre a capacidade dos bancos africanos absorverem o choque da guerra na Ucrânia, a analista de crédito Giulia Filocca disse que "o sistema bancário de Angola é mais pequeno que a média africana, e as contas dos bancos estão relativamente sobrecarregadas de dívida soberana".

O sistema financeiro não bancário, acrescentou a analista desta agência de rating, também tem uma dimensão relativamente pequena, "o que sugere que há um espaço limitado para a acumulação de dívida interna por parte dos mercados internos".

A emissão de dívida pública no mercado interno tem sido uma das apostas do Governo de Angola para evitar endividar-se no mercado internacional, procurando não só estimular o próprio mercado interno, como também 'fugir' ao pagamento dos juros de quase 10 por cento exigidos pelos investidores internacionais.

Ainda assim, Giulia Filocca diz à Lusa que "as taxas de juros reais são elevadas em Angola, reflectindo o ambiente da inflação ainda elevada e os significativos prémios de risco exigidos pelos investidores nacionais".

Os pagamentos de juros face à dívida emitida ocupam mais de 20 por cento de toda a receita angariada por Angola, acima da média africana, nota ainda.

No relatório sobre as vulnerabilidades da dívida no continente, no seguimento da invasão da Ucrânia pela Rússia, esta agência de notação financeira diz que "o declínio do crescimento económico global e o abrandamento da China estão a ter um impacto negativo na capacidade dos mercados emergentes africanos acumularem dívida".

O facto de em mercados como o Egipto, Gana e África do Sul uma parte importante da dívida interna ser detida por investidores estrangeiros "aumenta a liquidez, mas muitas vezes à custa de um aumento da sensibilidade às mudanças na política monetária global", alertam os analistas, concluindo que "muitos países africanos já entraram neste período pós-pandemia com um volume elevado de dívida interna e grandes necessidades de refinanciamento da dívida".

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