Em declarações à Lusa, Miguel Gonçalves, um dos mentores do projecto, disse que o objectivo é chegar às 100 mil viseiras, que serão distribuídas dando prioridade a unidades de saúde e centros de tratamento da covid-19.
Mas os equipamentos estarão também ao alcance de qualquer cidadão que faça um donativo no valor mínimo de 1200 kwanzas, o suficiente para "oferecer" uma viseira ao doador e produzir outras três, segundo Luís Querido, outro voluntário do grupo viseiras-covid-ao.
Para tal, foi criada uma linha telefónica, onde os interessados poderão esclarecer dúvidas sobre as viseiras e fazer pedidos para instituições ou donativos.
Luís Querido prevê que a produção industrial se inicie no decurso das próximas duas semanas, logo que chegue o molde de injecção necessário para fabricar o suporte da viseira, agora com um design melhorado e mais cómodo.
As viseiras vão ser produzidas numa fábrica que se ofereceu para o efeito, sendo o dinheiro dos donativos totalmente canalizado para a compra da matéria-prima necessária para fabricar o suporte, através de uma organização não-governamental associada ao projecto.
"Vamos importar uma tonelada de matéria-prima", afirmou Luís Querido, adiantando que o poliuretano termoplástico que vai ser usado é proveniente de Portugal.
Quanto às impressoras 3D, vão deixar de produzir viseiras mas não vão ficar paradas, adiantou o voluntário.
O próximo passo é fabricar dispositivos para acessórios médicos como bifurcadores para ventiladores, "clamps" (molas) para tubos orotraqueais ou peças para prender o elástico das máscaras e aliviar a pressão do uso continuado sobre as orelhas.
Com a expansão da capacidade de produção, o grupo tem vindo a atrair também cada vez mais voluntários. Neste momento, são cerca de 30 voluntários "activos" a colaborar com o projecto a partir de diferentes partes do mundo.
Para manter o carácter gratuito e assente no voluntariado desta iniciativa da sociedade civil e evitar tentativas de comercialização, todas as viseiras que vão ser produzidas industrialmente terão inscrito que é proibida a venda, acrescentou Miguel Gonçalves.
Além de hospitais, o grupo pretende também distribuir viseiras pelo Instituto Nacional de Emergência Médica de Angola (INEMA), bombeiros, Polícia Nacional, Cruz Vermelha, Organização Mundial de Saúde e outras entidades cujos profissionais estejam mais expostos a um possível contágio da doença.