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Opinião Lições de uma crise

Ambiente de negócio em Angola continua em guerra

Quingila Hebo

Quingila Hebo é estudante de economia e jornalista na Revista Economia e Mercado.

Lá se foi o mês em que celebramos 13 anos de paz, a 4 de Abril, como marco do fim do conflito entre as duas principais forças políticas. Mas, nem tudo no nosso país está em paz, e o ambiente de negócio é uma delas.

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De 2001 a 2015 Angola caiu 41 lugares no ranking do Doing Business, órgão do Banco Mundial que avalia as facilidades de se desenvolver um negócio em cada país. O nosso país saiu da 135.ª posição do Doing Business para o 176.º lugar do ranking, o que significa que mesmo com o alcance da paz, no que toca a essa matéria, Angola tem vindo a regredir.

De acordo com o Doing Business, a corrupção continua a ser o principal empecilho, que, como consequência, eleva a morosidade no tratamento de processos para a constituição de empresas. Mas, agregam-se outros factores que vão desde as debilidades do sectores da saúde, formação, comunicação até à falta de água e energia, factores de produção cruciais para o sucesso de um projecto empresarial.

Ou seja, tendo em conta a posição do Doing Business sobre Angola, o crescimento económico de que tanto se fala tem surgido graças a alguns empresários que são como os repórteres de guerras, que vão a busca dos factos mesmo sabendo que podem ser as próximas vítimas. No meio dessas dificuldades todas alguns sobrevivem, mas outros engrandecem a taxa de mortalidade de empresas em Angola que anda em torno dos 97 por cento. Ou seja, em cada 100 empresas criadas só 3 sobrevivem depois de 5 anos, de acordo o mesmo estudo.

Precisamos de mudar esse quadro. Precisamos de mais iniciativas empresariais, pequenas ou grandes para mitigarmos os efeitos ou mesmo fazer face à redução das receitas petrolíferas. Os problemas estão identificados, agora é preciso que haja vontade política de resolvê-los. Precisamos de uma economia não petrolífera forte, capaz de alimentar as 24 milhões de bocas que o país tem, criar riqueza e só depois podemos gabar-nos de sermos uma das maiores economias de África.

Opinião de
Quingila Hebo

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