"Temos na forja a concessão de um satélite de meteorologia, mas depois vamos passar para o satélite de observação da terra, porque o nosso país é extenso e tem um grande potencial de recursos naturais, com destaque para o petróleo, a agricultura e o ambiente", apontou o governante, citado pela Angop.
Assim, para esse repto, considerou importante a cooperação da academia, que deve exercer um papel fundamental no sentido de atingir os objectivos preconizados, que se prendem com a concessão do satélite de meteorologia e de observação.
Na ocasião, o governante aproveitou para lembrar que o Governo se iniciou neste sector há 15 anos, em cooperação com parceiros internacionais, tendo em vista desenvolver a indústria espacial nacional. Algo que disse ter possibilitado elaborar o Programa Espacial Nacional que acabou por culminar com a colocação em órbita do Angosat-2.
Além disso, o titular da pasta das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social também mencionou a criação da Agência Espacial Africana como um marco relevante para o crescimento desta indústria, cujos primeiros resultados começam a surgir, escreve a Angop.
Além de Mário Oliveira, também intervieram no painel o ex-ministro do Ensino Superior do Burkina Faso e líder do Projecto BurkinaSat-1, Fréderic Ouattara, bem como o presidente interino da Autoridade Nacional de Sensoriamento Remoto e Ciências Espaciais do Egipto, Islam Abou El-magd.
O primeiro dia da 3.ª edição da NewSpace Africa foi ainda marcado pelo discurso de abertura, proferido pelo ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.
Na abertura, Mário Oliveira destacou que o país tem uma presença relevante no Comité Consultivo da Organização Internacional de Satélites, sendo que, deste modo, Angola "tem conseguido dar" o seu "contributo para o fortalecimento e engrandecimento da indústria espacial angolana e não só".
Entre outros aspectos, realçou que o Executivo tem vindo a implementar diversas acções para assegurar que o país "assuma um papel de co-liderança na região e participe de modo relevante no contexto internacional em matéria espacial", refere um comunicado do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, a que o VerAngola teve acesso.
Assim, citado na nota, acrescentou que o país "tem desenvolvido um conjunto de projectos que têm reflexo na integração regional da SADC, sendo que os investimentos em infra-estruturas espaciais, como o satélite de telecomunicações Angosat-2, constitui para os países africanos, a resposta para uma maior conectividade a custos acessíveis, pois o acesso às comunicações fiáveis é factor de desenvolvimento económico e de inclusão social".
Em linha com o Livro Branco das Telecomunicações e Tecnologias de Informação e Comunicação e com a Estratégia Espacial Nacional 2016-2025, o ministro informou que o Governo "orientou a concepção, construção, desenvolvimento e colocação em órbita do satélite de telecomunicações, denominado Angosat-2, que permitiu colocar Angola num grupo restrito de quatro países africanos proprietários de um satélite de telecomunicações, nomeadamente a Angola, Nigéria, Argélia e o Egipto", aponta o comunicado.
Assim, disse que "há mais de um ano" que o país tem em órbita o Angosat-2, "que é completamente gerido e operado por quadros angolanos, formados nas maiores universidades e instituições de ensino da indústria espacial do mundo, cujos trabalhos têm recebido os mais variadas elogios e premiações internacionais".
Fez igualmente referência ao Projecto Conecta Angola, considerando que o desenvolvimento deste projecto "tem sido uma grande alavanca para o aumento da literacia digital e a aproximação de populações angolanas que vivem em zonas remotas aos órgãos centrais da administração do Estado e o apoio à educação e ensino, estando a beneficiar, neste momento, mais de 20 mil angolanos".
Também apontou a adesão, no final de 2021, do país ao Comité para a Utilização Pacífica do Espaço Ultraterrestre das Nações Unidas (COPUOS), "que é o Fórum Internacional de referência para a discussão de temas relacionados com a utilização civil do espaço", acrescentando que "o país foi também admitido como membro da Federação Astronáutica Internacional que é o principal órgão mundial de defesa do espaço".
Na ocasião, também informou que em Novembro do ano passado, o país e os Estados Unidos da América rubricaram os Acordos Artemis, que visam promover a "exploração espacial para o benefício de toda a humanidade, integrando, assim, um grupo restrito que reúne apenas três países africanos", lê-se no comunicado.
Refira-se que a conferência que decorre em Luanda é subordinada ao lema "O papel do espaço na redução da pobreza em África".