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Carlos Resende: banco central tem “todas as condições” para aplicar regime de metas de inflação

O economista Carlos Resende defendeu que o banco central tem todas as condições para aplicar o regime de metas de inflação, o que vai trazer benefícios para Angola.

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O vice-director do Africa Training Institute (ATI), que trabalhou no Fundo Monetário Internacional (FMI) como economista sénior do Departamento Africano para Angola participou num seminário sobre os desafios da operacionalização da política monetária promovido pelo ministério das Finanças (Minfin).

O economista brasileiro-canadiano sustentou que uma das premissas da política monetária actual é que não é forte o suficiente para afectar a estrutura da economia, sendo as questões estruturais muitas vezes mais importantes para reverter situações de baixo crescimento e de crise do que a política monetária.

"Tem certamente um efeito forte sobre a inflação, mas nem tanto sobre o crescimento estrutural das economias", salientou, acrescentando que a política monetária pode amortizar os efeitos de ciclos económicos desfavoráveis e de choques económicos", mas não tem, infelizmente, poder para gerar criação de riqueza".

No que diz respeito a Angola, afirmou que o país está a fazer as reformas necessárias, começando pelo regime de câmbio, implementou a independência operacional do banco central e, mais recentemente, começou a implementar o regime de metas de inflação.

"Angola está no caminho certo", afirmou Carlos Resende. "Vejo um desenvolvimento muito favorável na inflação à medida que o Banco Nacional de Angola implemente este regime e tenho certeza que irá fazê-lo de maneira bem-sucedida como o fez com outras reformas importantes", acrescentou o responsável do ATI.

Para o economista, o banco central tem todas as condições técnicas para implementar o regime de metas de inflação que considerou importante para "ancorar as expectativas inflacionárias".

"Ele ajuda a fazer baixar a inflação na medida em que o regime é implementado de maneira crível e esse benefício, em termos de inflação mais baixa, não está associado a um custo mais baixo em termos de crescimento", explicou.

O economista considerou que o BNA tem sido "extremamente criterioso" nas reformas feitas, no sentido de se equiparar aos seus congéneres e tem "todas as condições" para gerir metas de inflação e instrumentos para implantar uma política monetária consistente.

"Tenho plena confiança que o desafio da inflação alta em Angola é só mais um entre muitos outros que o BNA tem conquistado de maneira corajosa e responsável", destacou Carlos Resende, mostrando-se convicto de que a adopção deste regime vai trazer benefícios para Angola, como trouxe para outros países que adoptaram este sistema.

"É mais um passo das autoridades angolanas, mais uma reforma estrutural da economia angolana que vai ajudar o desenvolvimento do país como um todo", sublinhou.

O banco central definiu para este ano uma meta de inflação de 18 por cento.

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