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Ritmos africanos lusófonos dominarão na próxima década em Portugal

O promotor do festival de música Sol da Caparica (Portugal), António Guimarães, defendeu, em entrevista à agência Lusa, que os ritmos africanos dos países lusófonos serão uma das correntes musicais dominantes da próxima década em Portugal.

Revista Kizomba:

"Os ritmos africanos dos países de expressão portuguesa estão profundamente disseminados na camada mais nova da população. Os mais velhos ouvem na rádio e gostam, mas ainda não identificam a música com artista, mas acho que já explodiu e vai ser uma das correntes dominantes da próxima década", disse António Guimarães.

Quanto à entrada dos artistas portugueses em África, o promotor musical, que está a participar na Atlantic Music Expo, antecipa maiores dificuldades por causa do "problema" do ritmo.

"A nossa música para funcionar em África tem um 'problema' de ritmo. Não balançamos como os africanos, temos outra tradição musical, mais melódica, mais europeia, que também é apreciada, mas não temos em África meios de comunicação que a divulguem enquanto em Portugal já se divulga a música africana. Já temos os grandes artistas africanos nas grandes rádios (RFM, Comercial, Antena 1)", disse.

Assinalou, por outro lado, que muito 'kuduro' (Angola) e muita música cabo-verdiana são produzidos em Portugal por portugueses de segunda e terceira gerações africanas.

Adiantou ainda que "está a aparecer uma geração com artistas que misturam a 'soul music' e o 'hip hop'" que, acredita, irá "conseguir furar a médio prazo porque tem alguns elementos que se tornam culturalmente perceptíveis".

António Guimarães está em Cabo Verde a participar na quarta edição da Atlantic Music Expo, um dos mais importantes mercados musicais transatlânticos, que hoje termina na cidade da Praia.

"Nestes fóruns encontram-se muitas pessoas interessadas na música africana e na música de Cabo Verde, em particular. Muitos promotores, agentes e artistas que partilham de um determinado tipo de gosto e de preocupações", disse.

Assinalou as especificidades no que toca à movimentação de artistas africanos para a Europa, nomeadamente as questões dos vistos ou diferenças culturais muito fortes.

"É bom para quem trabalha todos os dias com estes artistas ter isto tudo muito presente", acrescentou.

António Guimarães, que na edição deste ano do Sol da Caparica, em Agosto, terá em Portugal uma cantora cabo-verdiana que viu pela primeira vez no ano passado nos palcos da Atlantic Music Expo, destaca a oportunidade de ver os artistas ao vivo.

"Há artistas que já conhecemos, mas que queremos ver ao vivo e esta é uma boa oportunidade. Actuar num festival grande, 45 minutos é diferente de ter uma, duas ou três músicas boas. Temos 20 ou 30 mil pessoas e não podemos levar um grupo só porque tem uma música fantástica", disse.

Quanto à edição deste ano, António Guimarães mostrou-se impressionado com dois artistas que se apresentaram em 'showcase': o angolano Jack Nkanga e o cabo-verdiano Bilan.

"São ambos promissores, mas vai depender do que lhe acontece nos próximos ano ou dois, do disco que vierem a fazer. Cantam muito bem. Têm referências musicais diferentes, mas o mercado europeu, ou pelo menos o português, pode vir a recebê-los bem", previu.

A AME é organizada pelo Ministério da Cultura de Cabo Verde, em parceria com a World Music Expo (Womex), a produtora cabo-verdiana Harmonia e outras entidades locais.

É uma plataforma de encontro entre profissionais da música (músicos, produtores, directores de festivais, agentes, entre outros) com o objetivo de mostrarem os seus trabalhos e reflectirem sobre o mercado da música.

Este ano conta com 620 participantes, 52 jornalistas, mais de 30 concertos de artistas cabo-verdianos e internacionais, exposições, conferências, apresentações e espaços de negócio, além de expositores de marcas, empresas e produtos.

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