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Konono soul de Jack Nkanga na “montra” da música cabo-verdiana

A preparar o seu segundo disco, o Jack Nkanga, que se apresentou no Atlantic Music Expo, em Cabo Verde, inspirou-se nos povos bazombo do norte de Angola para um trabalho dominado pelos ritmos do "konono soul".

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Apresenta-se como "um artista da nova música de Angola", que tem um disco no mercado e está a "trilhar a internacionalização" da sua música.

Em entrevista à Lusa explicou que é precisamente nesse esforço de internacionalização que se insere a sua presença na "montra da música" que é o Atlantic Music Expo (AME). "Sou produto do mundo e por isso é que cá estou. É com prazer que estou na montra", disse, adiantando que procura no certame aumentar as participações que já tem feito em mercados internacionais e conseguir novas relações com agências que possibilitem o seu crescimento no mercado estrangeiro.

Sem um público-alvo determinado ou um mercado pré-definido acredita poder cativar "qualquer um que sinta a mesma vibração". "Consigo identificar-me com qualquer mercado a nível mundial. Não temos um determinado alvo. Qualquer um que tenha a mesma vibração que nós e consiga sentir a nossa música pode ser considerado o nosso mercado alvo", disse.

Define-se como um músico "ecléctico", que depois um primeiro projecto inicial - "0ops", lançado em 2014 - "numa onda soul, funk e com influências afro, aposta, para o segundo disco, no género denominado "konono soul", numa espécie de viagem às origens.

"O 'konono soul' tem a base nos povos bazombo do norte de Angola, dos quais sou oriundo, numa fusão com as outras estéticas mundiais" como o rock, o funk e o R&B.

A viver em Luanda, considera que ser músico em Angola é difícil, sobretudo para os artistas que não fazem música popular. "Existem poucas oportunidades por falta de indústria. As coisas ainda estão muito monopolizadas. Há necessidade de haver um certo equilíbrio e para isso precisamos de mais investidores para conseguirmos construir uma indústria consistente", disse.

Para Jack Nkanga, existe ainda em Angola um "problema educacional em termos de música". "As pessoas ainda não têm uma distinção daquilo que é boa música. Talvez isso também esteja a acontecer por todo o mundo, as pessoas deixam-se influenciar muito pelo popular e não conseguem ter um gosto por aquela música que está a nascer", disse.

Sobre a música de intervenção que é feita em Angola e sobre os jovens músicos que têm sofrido perseguições por causa das mensagens políticas das suas músicas, Jack Nkanga diz apenas que há regras no país com as quais não concorda, mas prefere não se alongar sobre o assunto.

Sobre a sua participação no Atlantic Music Expo diz esperar conseguir chamar a atenção das pessoas com a sua música. "Estou na montra. Manifestei-me e espero que haja alguma manifestação das pessoas que me ouviram. Se assim acontecer, direi que estamos no caminho certo porque é nosso desejo crescermos e interagirmos com almas de toda a parte do mundo", disse.

Jack Nkanga foi o protagonista de um dos ‘showcases’ desta Terça-feira da Atlantic Music Expo. O cantor angolano apresentou-se acompanhado de um baterista e de um baixista e foi muito aplaudido pelo público que encheu o pátio do Palácio Ildo Lobo, onde decorreu a apresentação.

A AME é organizada pelo Ministério da Cultura de Cabo Verde, em parceria com a World Music Expo (Womex), a produtora cabo-verdiana Harmonia e outras entidades locais.

É uma plataforma de encontro entre profissionais da música (músicos, produtores, directores de festivais, agentes, entre outros) com o objectivo de mostrarem os seus trabalhos e reflectirem sobre o mercado da música.

Este ano conta com 620 participantes, 52 jornalistas, mais de 30 concertos de artistas cabo-verdianos e internacionais, exposições, conferências, apresentações e espaços de negócio, além de 'stands' de marcas, empresas e produtos.

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