Ponham esta música e boa leitura!
As filas de trânsito, a internet que falha quando mais precisamos dela, o estar no “aguardo”, o “descair” a qualquer momento que fora e longe da hora combinada e um calor que nos rodeia, com a humidade certa e uma quizomba sintonizada no carro, numa esplanada, num rádio que teima em dar música na rua, nos passeios, no ar. Luanda é assim um misto de híper-civilização e um travão que nos obriga a definir prioridades e urgências. Ser importante e conseguirmos estar presentes é um limbo filosófico que rapidamente aprendemos a dominar. É assim. É assim porque não pode ser de outra forma, porque somos tao humanos e de forma tão básica que um gesto mágico se torna num sorriso a um estranho, um olhar que nos acolhe, uma fila de trânsito interminável mas que acaba. Um correr contra o tempo em que o tempo sempre nos vence e que a noite nos recompensa, numa conversa que começa lamento para se tornar humana, desempoeirada e sobretudo de convívio.
Angola é uma terra imensa de emoções, fortes que nos enfraquecem para logo nos deixar invencíveis e por todos, pelas pessoas, pelo progresso, pela mudança, pela inconstância que se quer modernidade. Fazer acontecer, sem ar de milagre, apenas fazer acontecer.
Explicar isto é pintar um céu azul e explicar o azul, porque o céu não tem explicação. Angola cresce. 40 anos. Os novos 30, ou 20 quem sabe, na idade das civilizações. E Angola cresce pelo mais importante: a comunicar. As palavras fazem-se música do progresso, esquecem-se tempos recentes e olha-se o horizonte já ali ao lado, só mais uns quilómetros, muita gente e esperança. O espanador de tristezas ajuda este país a sacudir o pó e a descobrir que debaixo de um manto de silêncio há batuques a vibrar para um presente glorioso.
Cada dia nesta terra é um arco-íris de vivências que nos ensina o mais importante: que um país depende das suas gentes e de todas as gentes que por bem venham. 40 anos com um sabor diferente, o da maturidade. Ler, escrever, versejar, cantar, dançar, criar cultura, um povo, uma nação. Angola é a história ao vivo e bem-aventurados os que, doutros continentes, fazem parte desta história, destes 40 anos.
O espanador de tristezas está dentro de todos nós. Usemo-lo para mostrarmos uma nova terra!
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