Segundo o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, ao qual a Lusa teve hoje acesso, as vendas (em leilões) entre 30 de Março e 2 de Abril foram concretizadas a uma taxa média de referência do mercado cambial interbancário de 109,059 kwanzas por cada dólar, um novo máximo.
O dólar norte-americano disparou mais de 10 por cento, face ao kwanza angolano, nos últimos seis meses, acompanhando a escassez de divisas devido à quebra nas receitas petrolíferas e com reflexos no custo de vida. Para contrariar estas dificuldades, em que o acesso dos clientes a divisas permanece fortemente condicionado nos bancos comerciais, o BNA vendeu cerca de 1.800 milhões de dólares durante o mês de Março.
Na última semana, pela terceira vez consecutiva, essas vendas foram de 300 milhões de dólares. Há precisamente um mês, entre 2 e 6 de Março, os habituais leilões do BNA permitiram aos bancos comerciais a compra de 399,4 milhões de dólares em divisas.
Entretanto, cada nota de dólar continua a ser transaccionada nas ruas de Luanda a mais de 150 kwanzas - recurso devido às limitações no acesso nos bancos comerciais -, ainda assim abaixo dos máximos de 200 kwanzas (para comprar cada dólar) de Janeiro e Fevereiro. Em 2014, até ao mês de Outubro, a venda de cada dólar cifrou-se sempre em menos de 100 kwanzas.
A situação reflecte-se, no dia-a-dia, no aumento dos preços (reconhecido pelas autoridades angolanas), com o argumento da grande dependência angolana das importações. Transacções que são feitas em dólares e que, por isso, estarão agora mais caras, face ao kwanza, afectando nomeadamente produtos alimentares.
Alguns economistas têm defendido a necessidade de o executivo angolano avançar para uma desvalorização da moeda nacional, para atenuar a subida da moeda estrangeira, medida que já foi reclamada pelos próprios empresários.
O petróleo representou cerca de 70 por cento das receitas fiscais angolanas em 2014, mas a quebra da cotação internacional do barril de crude deverá fazer descer esse peso, segundo o Governo, para 36,5 por cento em 2015 e já obrigou à revisão do Orçamento Geral do Estado para este ano.