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João Lourenço pede à nova comissão da UA “atenção especial” às infra-estruturas

João Lourenço, na qualidade de Presidente da União Africana (UA), pediu à nova comissão do bloco continental, empossada esta Quinta-feira, que preste “uma atenção especial” à questão das infra-estruturas. Discursando na cerimónia oficial de passagem de pastas entre a comissão cessante e a nova comissão da UA, realizada em Adis Abeba (Etiópia), o líder da UA pediu à comissão que “conceba uma estratégia destinada a mobilizar os parceiros internacionais de África, interessados em realizar investimentos com vantagens recíprocas”.

: CIPRA
CIPRA  

João Lourenço recordou que, no seu discurso de aceitação, quando assumiu a presidência da organização continental no mês passado, fez um especial destaque às infra-estruturas, cuja questão voltou a ser por si referenciada nesta Quinta-feira.

"No meu discurso de aceitação, referi-me muito particularmente à questão das infra-estruturas, por considerar que devem merecer uma atenção especial desta comissão, à qual peço que conceba uma estratégia destinada a mobilizar os parceiros internacionais de África, interessados em realizar investimentos com vantagens recíprocas", afirmou.

"As infra-estruturas constituem um dos pilares essenciais da Agenda 2063 da União Africana, o que nos obriga a mobilizar o maior volume de recursos financeiros possíveis para alcançarmos as metas que traçámos neste domínio e no âmbito da inovação tecnológica, segurança alimentar e transição energética", acrescentou.

Na ocasião, o Presidente da UA afirmou que a comissão da organização continental, "em coordenação com as Comunidades Económicas e Mecanismos Regionais, deverá trabalhar na organização de uma grande conferência continental sobre infra-estruturas em África no decorrer do ano em curso", onde deverão "procurar transmitir aos principais parceiros de cooperação, a nível bilateral e multilateral, a importância e as vantagens em apostarem no financiamento e investimento em infra-estruturas de interconexão continental, como forma de participarem directamente em todo o processo de crescimento e desenvolvimento de África, uma entre diferentes maneiras de se fazer justiça aos africanos e afrodescendentes, uma de entre tantas outras vias de reparação".

O também Presidente da República apontou ser prioridade a aposta séria na construção e melhoria das estradas, bem como na modernização das linhas ferroviárias, portos e aeroportos. "Considero uma prioridade apostarmos seriamente na construção e na melhoria das nossas estradas e auto-estradas, na modernização das nossas linhas ferroviárias, dos portos e aeroportos, bem como na criação de linhas de transporte e distribuição de electricidade, de modo a conseguirmos levar energia das zonas onde há excedentes para as que carecem deste bem fundamental", referiu.

Assim, defendeu que trabalhem juntos para construir "uma nova Arquitectura Financeira Internacional", para que o continente "deixe de continuar a ser visto como um actor secundário, marginal, mas sim como parte activa e determinante da economia global".

"É fundamental que a União Africana participe na Quarta Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento em Sevilha, Espanha, com uma visão clara sobre o que pretende, por forma a que se consiga um acesso mais simplificado e justo aos recursos financeiros adequados para a concretização dos nossos projectos destinados a impulsionar o progresso socioeconómico de África", acrescentou.

Entre outros aspectos, no seu discurso, o Presidente da UA apontou ainda outro desafio que África enfrenta actualmente: "Outro importante desafio com que o continente africano se depara tem a ver com as questões relativas ao terrorismo e ao extremismo violento, às mudanças inconstitucionais de Governos democraticamente eleitos e com os conflitos que ainda prevalecem no nosso continente".

"No plano da paz e segurança em África, é minha convicção que devemos agir no sentido de encontrar soluções africanas para os problemas africanos e conseguir o silenciar das armas, para que este tema não continue a dominar as nossas agendas e o nosso debate de uma forma quase eterna", apontou ainda.

Na cerimónia desta Quinta-feira – realizada na sede da UA, na capital da Etiópia – iniciaram funções Mahmoud Yussuf, em substituição do presidente cessante Mussa Faki Mahamat, bem como Selma Malika Haddadi, como vice-presidente da comissão.

Os comissários para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável; Infra-estruturas e Energia; Assuntos Políticos, Paz e Segurança; e Saúde, Assuntos Humanitários e Desenvolvimento Social também prestaram juramento neste acto.

Este momento de passagem de pastas foi considerado pelo líder da UA como de "grande relevância".

"É com grande satisfação que tomo a palavra para proferir algumas considerações nesta cerimónia de passagem de pastas entre a presidência cessante e a nova presidência da comissão da União Africana, o que considero um momento de grande relevância em que acabámos de testemunhar o fim de um período de importantes realizações para a nossa organização, durante o qual a União Africana, pela vossa acção e desempenho, se tornou numa instituição mais robusta, mais actuante e mais capaz de fazer face aos desafios que se lhe colocam, sobretudo os que dizem respeito ao processo de reformas necessárias, iniciado pela direcção que hoje [Quinta-feira] termina o seu mandato", afirmou.

Além desta cerimónia, a agenda de João Lourenço na Etiópia reserva, para Sexta-feira, uma visita ao Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC) e um encontro com o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed Ali.

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