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Sindicatos denunciam ameaças a trabalhadores no primeiro dia de greve

Sindicatos de diferentes sectores denunciaram ameaças aos trabalhadores para que não adiram à greve geral, que começou esta Quarta-feira no país para reivindicar melhoria salarial e redução de impostos.

: Facebook Gisela Silva
Facebook Gisela Silva  

"As pessoas que foram para o trabalho são aquelas que estão a ser ameaçadas, mas mesmo assim têm consciência de greve", referiu o presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola, Adriano Manuel.

O sindicalista especificou que os trabalhadores foram alvo de ameaças de descontos, de implicações na progressão de carreira e outras, mas manifestou-se surpreendido pela adesão no primeiro dia de uma greve.

"A adesão é muito boa", disse.

Por seu lado, o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, denunciou que a conferência de imprensa de Segunda-feira sobre a greve não foi noticiada pelos órgãos de comunicação social públicos, referindo que "houve uma orientação expressa para que não fosse referenciada".

Para Teixeira Cândido, qualquer omissão do evento nos principais órgãos de comunicação social públicos é uma violação de um direito constitucional, o direito do cidadão à informação.

"Isso é matéria de interesse público, obviamente que a media deve cobrir, se a media não cobre é óbvio que está a recusar ao direito de informação do cidadão", sublinhou.

A Televisão Pública de Angola no seu jornal da tarde, sem fazer menção ao arranque da greve geral dos trabalhadores, ouviu um representante do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), que garantiu terem já sido atendidas 80 por cento das reivindicações apresentadas pelas três principais centrais sindicais do país.

Já no noticiário da Rádio Nacional de Angola houve referência sobre a greve iniciada esta Quarta-feira e a posição do Governo, que manifesta abertura e disponibilidade para continuar a dialogar com os seus parceiros.

Quanto à adesão dos jornalistas, referiu que nesta primeira fase os profissionais dos órgãos privados estão a fazer a "máxima cobertura" da greve, mas que deverão paralisar na segunda etapa, prevista para entre 22 e 30 de Abril.

Os funcionários públicos iniciaram esta Quarta-feira a primeira fase da greve geral convocada pelas três centrais sindicais, que terá a duração de três dias.

As três centrais sindicais aprovaram, por unanimidade, uma greve geral interpolada com início a 20 de Março e que vai decorrer em três fases, com um primeiro período de três dias entre 20 e 22 de Março, outro de sete dias entre 22 e 30 de Abril e outros 11 dias entre 3 a 14 de Junho de 2024.

Após auscultação aos trabalhadores, a Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Força Sindical - Central Sindical (FS-CS) concluíram que o Governo não respondeu de forma satisfatória ao seu caderno reivindicativo – aumento do salário mínimo, subida dos salários da função pública, actualização de subsídios e desagravamento dos impostos – e decidiram, em assembleia geral, avançar para uma paralisação total.

As centrais sindicais começaram por exigir o aumento do salário mínimo dos actuais 32.000 kwanzas, para 245.000 kwanzas, proposta flexibilizada, entretanto, para 100.000 kwanzas, redução do Imposto sobre o Rendimento de Trabalho para 15 por cento e um representante no conselho de administração do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), "exigências" que dizem terem sido recusadas pelas autoridades em seis rondas negociais.

As centrais sindicais exigem, também, o reajuste do salário da Função Pública, na ordem de 250 por cento, e a redução do Imposto de Rendimento de Trabalho (IRT) em 10 por cento.

O executivo decidiu propor um salário mínimo em função da dimensão da empresa, nomeadamente 48.000 kwanzas para as pequenas empresas, 70.000 kwanzas para médias empresas e 96.000 kwanzas para as grandes empresas, o que foi recusado pelos sindicatos.

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