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Guerra na Ucrânia pode impedir Angola de regressar aos mercados, considera consultora

A analista da Capital Economics que segue a economia de Angola considerou esta Quarta-feira à Lusa que a degradação da situação na Ucrânia pode impedir o país africano de emitir dívida pública, uma iniciativa prevista para este mês.

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"Apesar de a subida dos preços do petróleo melhorar as contas públicas de Angola, uma deterioração forte no sentimento dos investidores no seguimento de uma escalada no conflito pode resultar em condições potencialmente muito desfavoráveis para Angola", disse Virág Fórizs em declarações à Lusa.

Questionada sobre se a evolução da situação na Ucrânia e o impacto nos mercados internacionais pode impedir Angola de prosseguir com a emissão de títulos de dívida soberana, prevista para este mês, a analista disse que se as condições piorarem, "Angola pode ficar efectivamente arredada dos mercados internacionais de dívida".

Ainda assim, acrescentou Fórizs, o cenário "nesta altura" aponta para a possibilidade de Angola regressar aos mercados para emitir dívida.

"Nesta altura, as condições de financiamento externo não pioraram tanto para Angola comparadas com as de outras economias africanas, como Gana, Zâmbia ou Etiópia, nomeadamente, por isso se as condições se mantiverem nas próximas semanas, a emissão de títulos de dívida deverá ir em frente", disse a analista, vincando que "é um grande 'se', devido às incertezas que rodeiam a guerra na Ucrânia".

O Governo prevê regressar aos mercados financeiros internacionais neste trimestre, devendo emitir cerca de 1.800 biliões de kwanzas, que ao câmbio de hoje equivalem a mais de 3,2 mil milhões de euros e 3,6 mil milhões de dólares, ainda que a apresentação do plano de endividamento, disponível no site das Finanças, faça a conversão para 2,8 mil milhões de dólares.

De acordo com o documento, com data de 8 de Fevereiro, Angola prevê captar 10,74 milhões de dólares este ano, dos quais até 2,8 mil milhões de dólares estão previstos ser angariados nos mercados internacionais através da emissão de dívida em moeda estrangeira (Eurobond).

Angola prepara-se, assim, para voltar a emitir dívida pela primeira vez desde 2019, e depois de ter previsto fazer uma nova emissão no final do ano passado, ainda durante a vigência do programa de assistência financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O segundo produtor de petróleo na África subsaariana prevê também contrair empréstimos e financiamentos internacionais de entidades comerciais, bilaterais e concessionais no valor de 2 biliões de kwanzas, equivalentes a 3,18 mil milhões de dólares.

A nível interno, Angola prevê endividar-se em 4,76 mil milhões de dólares, divididos em 320 milhões em dívida contratual e 4,44 mil milhões em dívida titulada.

A Lusa questionou o Ministério das Finanças sobre a possibilidade de a evolução da invasão russa da Ucrânia impedir, adiar ou dificultar o regresso aos mercados, mas sem resposta até ao momento.

A Rússia lançou na Quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

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