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Economia

Oxford Economics: conflito na Ucrânia melhora finanças de Angola, mas agrava custo de vida

A Oxford Economics Africa considera que invasão da Rússia à Ucrânia pode aumentar os preços do trigo em Angola e Moçambique, mas a subida dos preços do petróleo e do gás beneficia as finanças destes dois países africanos.

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"Quer Angola, quer Moçambique, têm um nível de comércio muito limitado com a Rússia e a Ucrânia; Angola importa trigo e fermento da Rússia, enquanto Moçambique importa uma quantidade significativa de trigo e uma pequena quantidade de petróleo refinado da Rússia", disse à Lusa o analista da Oxford Economics Africa que segue estas duas economias africanas.

"Parece que, pelo menos por agora, Angola está genericamente a beneficiar dos preços mais altos do petróleo e do gás, que são parcialmente impulsionados pelo conflito", disse Gerrit van Rooyen em declarações à Lusa a partir de Paarl, na África do Sul.

"Os preços mais elevados do petróleo são positivos para as receitas do Governo e para o valor do kwanza", acrescentou o analista, vincando que se esta subida for sustentada, "isso pode aumentar o investimento em Angola e baixar os níveis de dívida mais rápido do que o anteriormente previsto".

Para além disso, continuou, "se os preços do gás se mantiverem elevados devido ao conflito, isto será positivo para os investimentos no gás natural liquefeito de Moçambique", uma vez que "os lucros provenientes do gás natural existente na bacia do Rovuma poderão ser maiores do que o risco da insurgência extremista armada na região".

Apesar dos benefícios para as contas públicas dos dois Estados lusófonos, Gerrit van Rooyen salienta que para os cidadãos as desvantagens superam as vantagens.

"Os preços mais altos do petróleo e do trigo significam más notícias para os consumidores, uma vez que a inflação, que já é elevada nestes países, particularmente em Angola, deverá aumentar mais do que o inicialmente previsto", concluiu.

O trigo e o fermento são duas das principais exportações da Rússia para Angola e para Moçambique, de acordo com os dados de um centro de pesquisa económica patrocinado pela Universidade de Harvard. No caso de Angola, representam mais de 30 por cento das compras à Rússia em 2019, seguido de selos e fermento, enquanto que em Moçambique, o trigo representa mais de 75 por cento das importações russas, seguido de fertilizantes, que valeram 18 por cento do total.

A Rússia lançou na Quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de mil feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 150.000 deslocados no primeiro dia de combates.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.

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