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Economia

ONU cria mecanismo para baixar custo de acesso ao mercado para países africanos

A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) e a gestora de activos PIMCO anunciaram a criação de um fundo para baixar o custo de endividamento dos países africanos.

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De acordo com os dados apresentados durante a sessão de encerramento da 53.ª Sessão da UNECA, com o título 'A Industrialização Sustentável e a Diversificação na Era Digital no Contexto da Covid-19', a criação deste Instrumento de Liquidez e Sustentabilidade pode poupar 11 mil milhões de dólares em juros cobrados nas emissões de dívida dos países africanos.

"O fundo permite que os detentores de dívida soberana possam usar este instrumento como colateral para empréstimos a baixos juros financiados em parte pela nova emissão de Direitos Especiais de Saque; os recursos mobilizados através destes acordos de recompra serão então usados para financiar os investimentos nos países dos mercados emergentes", explicou o director da gestora de fundos Eighteen East Capital, Thomas Venon.

"Os países desenvolvidos há muito que têm estes mercados 'repo' [opções de recompra de títulos] para os seus títulos de dívida pública, facilitando a criação de fontes de financiamento estáveis e adicionais", lembrou Venon, explicando que "o Instrumento de Liquidez e Sustentabilidade vai replicar esta dinâmica para os títulos de dívida dos mercados emergentes, dando aos investidores financiamento competitivo através de acordos de recompra".

A dívida dos países africanos, no total de 544 mil milhões de dólares, é a maior de qualquer região em desenvolvimento, em função do PIB, e os altos níveis de dívida impossibilitam os investimentos em infraestruturas e no desenvolvimento de capital humano, o que, por sua vez, detém os investimentos privados, dizem os responsáveis da UNECA.

"O continente enfrenta quatro desafios combinados: elevados níveis de dívida, atualmente em cerca de 70 por cento do PIB, altos défices orçamentais de 8,7 por cento do PIB, em média, o elevado custo do financiamento e as depreciações das moedas", lê-se no comunicado distribuído a partir de Adis Abeba.

A isto junta-se a "pressão que os governos africanos enfrentam para continuar a servir a dívida e evitar a estigmatização nos mercados financeiros associada com o alívio da dívida".

"A liquidez é muito importante nesta altura em que nos falta margem de manobra orçamental; o serviço da dívida é tão grande, e absorve a maior parte dos nossos orçamentos, por isso precisamos de espaço de manobra para ajudar a nossa população e manter-nos a crescer e ser capazes de repagar estas dívidas", comentou a secretária de Estado para o Orçamento e Investimentos Públicos de Angola, Aia-Eza da Silva, citada no comunicado.

"Precisamos de mais espaço para respirar, e este Instrumento pode dar-nos isso", concluiu a governante.

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