Ver Angola

Defesa

ONU elogia combate à discriminação contra mulheres mas pede iniciativas

O Comité para a Eliminação da Discriminação Contra Mulheres das Nações Unidas elogiou, na sua sétima avaliação periódica, as acções do Governo pela igualdade de género, mas sublinhou que há espaço para melhorar.

Eric Lafforgue:

Nas observações conclusivas referentes aos encontros de 27 de Fevereiro e divulgadas Segunda-feira, o comité saudou o progresso alcançado por Angola através da adopção de várias reformas legislativas.

Entre as reformas destacadas está a aprovação do Regime Jurídico do Trabalho Doméstico e de Protecção Social do Trabalhador de Serviço Doméstico, de 2016, a implementação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre mulheres, paz e segurança, de 2017, a Política Nacional de Igualdade e Equidade de Género, de 2013, e o Plano Executivo contra a Violência Doméstica.

O comité da ONU saudou também a ajuda internacional para o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, salientando a importância do Objectivo n.º 5, o da Igualdade de Género, considerando que os seus princípios são transversais às 17 metas traçadas pelas Nações Unidas, cujo secretário-geral é o português António Guterres.

Ainda assim, o Comité para a Eliminação da Discriminação Contra Mulheres dirigiu-se à Assembleia Nacional, assinalando "o papel crucial do poder legislativo para assegurar a implementação" destes objectivos, convidando-a a "dar os passos necessários" para que estes sejam alcançados antes da próxima avaliação periódica, em 2023.

O grupo de trabalho louvou a disseminação de uma versão portuguesa da "Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres", mas considerou ser necessário expandir a sua difusão em várias línguas faladas em território angolano, como Umbundu, Kimbudndu, Kikongo, Tchokwe e Avambo, uma vez que as mulheres em "áreas remotas e rurais" continuam alheias aos seus direitos incluídos na Convenção.

A nível legal, o comité recomendou a Angola a introdução de uma abordagem sensível ao género na sua legislação, na sua política e nos seus programas, e a adopção de uma definição completa sobre o conceito de discriminação contra as mulheres.

O grupo de trabalho das Nações Unidas aconselhou, também, a adopção de medidas para a protecção de activistas, jornalistas e organizações da sociedade civil, "em especial para aquelas que trabalham na área da defesa dos direitos das mulheres", de modo a que executem o seu trabalho de forma livre.

O comité reivindicou ainda uma reforma perante a violência contra as mulheres, "tanto na esfera pública como na privada", que se manifesta de forma "económica, psicológica, física, sexual, conjugal e assédio", assim como um encorajamento das vítimas a denunciarem os casos.

No âmbito da educação, o grupo da ONU pediu o reforço de programas pela literacia em adultos, com especial incidência em áreas rurais, e a revisão dos currículos escolares, de modo a eliminar estereótipos de género e promover a educação sexual.

No campo da saúde, foi pedida uma rectificação do Código Penal para a descriminalização do aborto e a sua legalização "em, pelo menos, casos de violação, incesto, deficiência grave do feto ou risco para a saúde da mulher grávida".

A próxima avaliação periódica pelo Comité para a Eliminação da Discriminação Contra Mulheres em Angola está prevista para Março de 2023.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.