A informação consta de um comunicado enviado à Lusa e surge depois de na semana passada o BNA não ter feito qualquer venda de divisas aos bancos comerciais e com as três semanas anteriores exclusivamente com recurso à injecção de euros.
Na sessão de venda de divisas de hoje, o banco central refere que 90 milhões de euros servem para a "cobertura de operações das empresas prestadoras de serviços ao sector petrolífero".
Acrescem vendas de 40 milhões de euros em divisas para "suprir necessidades de despesas com carácter prioritário", nomeadamente a cobertura de operações relacionadas com ajuda familiar, saúde, educação, salários de expatriados, viagens e remessas de dinheiro.
"Tendo como critério a percentagem de crédito que cada banco comercial disponibiliza às empresas e famílias", refere o BNA, sobre as prioridades de atribuição destas divisas, naquela que terá sido a primeira intervenção directa do novo governador do banco central angolano.
A política cambial angolana passou a ser definida pelo novo governador do BNA, Valter Filipe Duarte da Silva, empossado no cargo a 7 de Março pelo Presidente da República, funções ocupadas desde Janeiro de 2015 pelo antigo ministro das Finanças, José Pedro de Morais Júnior, exonerado a seu pedido. Com estas vendas, em moeda europeia, há mais de um mês que o BNA não injecta dólares nos bancos comerciais.
Angola enfrenta há mais de um ano uma crise financeira, monetária e cambial decorrente da quebra da cotação internacional do barril de crude, tendo visto as receitas fiscais com a exportação de petróleo caírem para metade em 2015 e com isso a entrada de divisas no país.
Paralelamente, devido à escassez de divisas e limitações aos levantamentos de dólares impostos nos bancos, o mercado informal, de rua, transacciona a nota de um dólar norte-americano a mais de 300 kwanzas.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, ficou-se nos 159,737 kwanzas por cada dólar e de 178,475 kwanzas por cada euro, ambas inalteradas.
Há pouco mais de um ano, antes do agravamento da crise da cotação do petróleo no mercado internacional, a injecção de divisas no mercado angolano ultrapassava normalmente os 2000 milhões de dólares por mês.
Persiste no país a forte redução da disponibilidade de moeda estrangeira no país, sendo o montante vendido aos bancos limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central.
A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.