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Views of Angola: “Queremos continuar a contribuir para mostrar Angola aos angolanos e ao mundo”

A paixão pela fotografia e por Angola uniu 25 fotógrafos amadores, que decidiram mostrar toda a beleza do nosso país. Há mais de três anos, quando resolveram “partir à descoberta” de Angola, não imaginavam o sucesso que o projecto alcançaria. O movimento Views of Angola conta já com uma exposição, e vários encontros fotográficos, abertos a todos os que queiram partir à aventura, e conhecer as maravilhas que o nosso país tem para oferecer. Para o futuro, esperam continuar a partilhar as experiências que os encontros fotográficos proporcionam, e “viajar, ter amigos, ver Luanda a florir, ver o pôr do sol do nosso país, tão lindo”.

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Quando e como surgiu o projecto e porquê o nome Views of Angola?

O projecto nasceu em Janeiro de 2014, motivado pela paixão que temos pelo país, e no nosso amor pela fotografia. Sentíamos uma necessidade premente, não só de conhecer o nosso país, mas também de dar a conhecê-lo a outras pessoas, e notamos que o material que havia disponível era escasso, o que era produzido por nós, ou seja, do ponto de vista dos angolanos e de quem vive cá. Não existiam ou eram poucas, quer as plataformas quer o material, que mostrasse este grande e maravilhoso país que é Angola.

O nome Views of Angola surge naturalmente deste desejo de mostrar Angola ao mundo, do ponto de vista de quem cá está, como nós a vivenciamos.

Quais são os principais objectivos da vossa comunidade?

A nossa comunidade pretende essencialmente divulgar Angola, e de certa forma contribuir para que se fale mais de ver Angola, principalmente internamente. E mostrar também que já não é suficiente dizer que o país vai de Cabinda ao Cunene. É necessário começar a falar de Calucinda, de Chilesso, de Andulo. É necessário que se fale das suas paisagens, das suas urbes, do seu povo e da sua cultura. Como angolanos queremos contribuir para isso, contribuir para ver Angola, disponibilizando uma plataforma que possa servir de referencial e ponto de partida para quem, como nós, queira partir à descoberta.

Há fotógrafos profissionais no vosso movimento ou só amadores? Quem faz parte da equipa?

Temos uma equipa de 25 pessoas, composta por fotógrafos amadores, ou seja, que não vivem exclusivamente da fotografia, que fazem a gestão e dinamização da conta Views of Angola nas redes sociais, bem como a coordenação dos eventos que organizamos.

Quem pode participar no projecto?

Toda a gente pode participar, já que a participação é completamente aberta. Basta querer contribuir com momentos e imagens de Angola, e utilizar a #viewsofangola nas suas publicações, nas diferentes redes sociais. Estamos presentes no Instagram, Facebook, Snapchat e Twitter, sendo que temos estado a preparar o lançamento do website oficial para o Views of Angola.

Estão apenas presentes em Luanda? Como se organizam para chegar às outras províncias?

Estamos baseados em Luanda, mas por trabalharmos numa plataforma online acabamos por estar em todo o lado, e recebemos contribuições de todo o país. Relativamente às viagens, a organização depende muito do local escolhido e dos objectivos a que nos propomos, e também dos meios disponíveis. Por vezes exploramos zonas mais urbanas, outras vezes locais mais remotos, e temos de gerir com base nesses aspectos, de modo a avaliarmos as melhores opções no que toca à deslocação, estadia e programa.

Que resultados alcançaram e que aprendizagem retiraram depois de quase três anos de existência?

Para começar três anos passam muito rápido. Quando começamos não fazíamos ideia do impacto que iríamos ter, pois no início era uma coisa só nossa, mas que foi crescendo e crescendo, até se tornar neste movimento. Se tivermos de destacar alguns pontos, realçaríamos o número crescente de pessoas que vêm ter connosco, a dizer que querem conhecer mais Angola, e que essa vontade nasceu após terem tido contacto com a página ou algum evento; a adesão cada vez maior aos eventos, que ajuda a crescer o movimento e a dar cada vez mais visibilidade ao país; e a partilha que se verifica entre as pessoas no movimento, quer sobre locais a conhecer, histórias, e claro, sobre fotografia, que tem contribuído positivamente, sendo um espelho do material que acabamos por ter acesso, e que tem vindo a aumentar mais e mais de qualidade, tendo sido algumas das nossas fotos reconhecidas pela conta oficial do Instagram, o que muito nos orgulha.

E quais foram as maiores dificuldades que tiveram de ultrapassar para chegar até aqui?

O tempo acaba por ser a nossa maior dificuldade. A fotografia e as viagens exigem tempo e dedicação. Esta necessidade por vezes é conflituosa com as nossas profissões, o nosso ganha-pão e patrocinador, fazendo com que por vezes tenhamos que abdicar de momentos com a nossa família e amigos, para que possamos conciliar tudo isto.

Em que aspectos ainda podem e esperam crescer?

Queremos que hajam mais e mais pessoas a participar connosco nesta descoberta, neste movimento, e contribuir para que as pessoas queiram realmente conhecer o país. Que quando perguntarmos a alguém para onde vai nas férias, possamos ouvir pessoas a responder que ouviram falar de Camabatela, de Pungo Andongo, e que querem muito ir conhecer.

Quantas exposições fotográficas já realizaram?

Fizemos uma até agora. Uma exposição é muito diferente da nossa actividade regular de partilha nas redes sociais. Precisa de mais cuidado, porque nem tudo o que resulta num ecrã de telemóvel serve para ser exposto, e por termos essa noção somos muito críticos nesse aspecto, e daí não fazermos tantas. Mas podemos adiantar que estamos a preparar material para uma nova exposição, em data ainda por anunciar.

Estiveram também envolvidos no projecto “A Nossa Língua”, o primeiro documentário internacional de língua portuguesa no Instagram. Podem falar-nos um pouco sobre esta iniciativa?

O projecto “A Nossa Língua” é o primeiro documentário visual dos países de língua portuguesa, criado sob o mote “Países diferentes irmanados pela língua”. Alguns dos curadores do projecto conheciam o movimento Views Of Angola, e desafiaram-nos a participar nas missões que eram lançadas. Foram 10 missões, Terra, Casa, Trabalho, Fé, Festa, Gente, Lazer, Raiz, Palavra e Mar, que resultaram em 100 fotos. Muitas das nossas fotos acabaram por ser seleccionadas, em cada uma das missões, o que é algo que nos enche de orgulho, pois apesar de tudo ainda somos uma comunidade muito pequena, quando comparada a países como Portugal ou Brasil, que têm um número elevado de utilizadores, pelo que termos sido destacados mostra a qualidade do material que está a ser produzida pela comunidade angolana.

Foram responsáveis pela organização de três instameets, e garantiram assim a presença de Angola nos World Wide Instameet, em que as comunidades instagram do mundo inteiro se reúnem. Em que consiste estes encontros e quais os objectivos?

A nossa plataforma de eleição e na qual o projecto nasceu é o Instagram. Os instameets são basicamente encontros organizados semestralmente, um pouco por todo o mundo, em que as comunidades de instagramers são convidadas a reunir-se localmente, para que possam conhecer-se e partilhar momentos fora da rede social. Tem geralmente um tema central, que serve de guia às fotografias e histórias partilhadas nesse final de semana. 

Que outros projectos ou iniciativas desenvolveram ou contribuíram?

Temos promovido alguns passeios, como foi o caso do InstaWalk que fizemos pela Baixa de Luanda, em que desafiamos a comunidade a ver Luanda com outros olhos, e mais recentemente o passeio que fizemos até as Grutas da Sassa, no Kwanza Sul, que foi um registo totalmente diferente. Tivemos durante o fim-de-semana acampados nas Grutas, sem energia, sem internet e nem sequer telemóvel, apenas nas companhias uns dos outros. Foi um evento que superou todas as nossas expectativas, quer ao nível de aderência, quer ao nível dos momentos que tivemos a oportunidade de viver.

Por fim, há planos para o futuro? Quais são as vossas expectativas e qual o vosso maior sonho?

Sim, temos planos para o futuro, mas alguns ainda estão em esboço, pelo que é prematuro falar deles. Queremos continuar a contribuir positivamente para mostrar Angola aos angolanos e ao mundo. Relativamente a sonhos, para este movimento pensamos que o kota André Mingas cantou tudo: “viajar, ter amigos, ver Luanda a florir, ver o pôr do sol do nosso país, tão lindo, tão lindo, tão lindo... Inspirando emoções…”.

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