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Líder da UNITA diz que guerra entre “marimbondos” não ajuda Angola

O presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, criticou a “justiça direccionada” e a guerra entre “marimbondos” no seio do partido do poder, o MPLA, que “não está a ajudar” Angola.

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Adalberto da Costa Júnior, que discursava após uma marcha de militantes e simpatizantes da UNITA que culminou com a inauguração das instalações do secretariado provincial do partido em Luanda, salientou que “todos devem devolver os dinheiros desviados ao Estado”, sublinhando que “há nomes de quem já ninguém fala”, numa intervenção aplaudida com entusiasmo pelos seus partidários.

O dirigente mostrou-se também surpreendido pela época escolhida pela Procuradoria Geral da República para fazer o arresto de bens da empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

“Não é estranho o período que escolheram para o arresto”, coincidindo com o fim do ano e com as férias judiciais, questionou o líder da UNITA perante alguns milhares de apoiantes que encheram uma rua da zona da Ingombota, no centro de Luanda.

O Tribunal Provincial de Luanda determinou o arresto de contas bancárias e participações sociais de Isabel dos Santos em empresas onde é acionista, como a Zap, Unitel, Cimentangola, Contidis e os bancos BIC e BFA, uma decisão tornada pública em 30 de dezembro e que abrange também o seu marido, Sindika Dokolo, e Mário Leite Silva, administrador da empresária em várias sociedades.

“Não queremos uma justiça direccionada, não é bom perseguir os cidadãos”, vincou Adalberto da Costa Junior, destacando que a lei tem de ser aplicada por igual a todos os cidadãos e apelando: “Deixem de nos enganar”.

Criticou ainda os poderes excessivos concentrados na figura de João Lourenço, alertando para que um dia quando perder o poder lhe pode acontecer o mesmo que acontece com José Eduardo dos Santos, o que prejudica Angola.

“Esta guerra do MPLA é boa para o país? Esta guerra está a nos ajudar? A guerra dos marimbondos contra outros marimbondos ajuda o nosso país”, atirou o líder da UNITA, recebendo “nãos” uníssonos em resposta da multidão.

No que diz respeito à luta contra a corrupção, Adalberto da Costa Júnior frisou que foi a UNITA que começou por denunciar vários casos de corrupção, responsabilizando o MPLA por deixar na gaveta as comissões de inquérito que foram pedidas à Sonangol, ao Banco Espírito Santo Angola (BESA, actual Banco Económico) e ao Fundo Soberano, que teve como presidente "Zenu" dos Santos.

Lamentou ainda que João Lourenço tenha "vestido o casaco de poderes excessivo" do anterior Presidente e só "persiga aquilo que é do seu interesse", criticando que o país dependa de uma pessoa só, como se fosse "um deus".

O discurso marcou a abertura do ano político da UNITA, com o presidente a definir as suas prioridades para este ano e a prometer que está já a preparar a alternância ao poder.

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