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Acordo entre EUA e China dificulta venda de petróleo angolano, considera consultora

A consultora Capital Economics considerou esta Quinta-feira que o acordo comercial entre a China e os Estados Unidos pode influenciar a venda de petróleo de Angola ao gigante asiático, acentuando a previsão de recessão este ano.

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"O compromisso de Pequim, ao abrigo do recente acordo comercial, de comprar mais petróleo aos Estados Unidos em vez de a outros fornecedores, coloca um risco de perturbações adicionais para Angola, que é o terceiro maior fornecedor de petróleo à China", escreve a consultora numa nota sobre as economias africanas em 2020.

No relatório, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, o analista responsável pelos mercados emergentes, William Jackson, lembra que "as exportações de Angola para a China representam 24 por cento do PIB angolano" e sublinha que "o crónico sub-investimento no sector petrolífero contribuiu para a queda da produção no país nos últimos anos", algo que vai manter-se este ano.

"Pensamos que as persistentes fraquezas no sector do petróleo, a inflação alta, e o aperto na política económica vão manter a economia angolana em recessão em 2020, pelo quinto ano consecutivo", adianta.

A previsão da Capital Economics é que o Banco Nacional de Angola suba a taxa de juro central, actualmente nos 15,5 por cento, para até 20 por cento ao longo deste ano, argumentando que "a forte queda do kwanza no ano passado vai quase de certeza fazer subir a inflação devido ao aumento do preço das importações", obrigando os decisores monetários a reagirem.

A desvalorização do kwanza "também vai levantar problemas sobre a dívida pública, já que quase quatro quintos da dívida pública total está em moeda estrangeira", mas ainda assim o risco de incumprimento financeiro "permanece baixo já que as obrigações de Angola são maioritariamente de longo prazo e a dívida é detida por credores multilaterais e bilaterais".

No entanto, vincam, "o Fundo Monetário Internacional vai provavelmente exigir que o Governo aperte a política orçamental, o que será outro obstáculo ao crescimento económico".

A previsão da Capital Economics aponta para um crescimento negativo de 1,5 por cento este ano, mais do que a quebra de 0,5 por cento prevista para 2019 e abaixo da média das previsões dos analistas, que estimam um regresso ao crescimento já este ano.

No conjunto da África subsaariana, esta consultora espera um crescimento médio de 3 por cento, com a África do Sul, a maior economia da região, a abrandar o crescimento da média.

"O limite ao crescimento regional virá, novamente, da África do Sul, onde as esperanças de uma recuperação significativa este ano parecem ser demasiado optimistas", diz William Jackson, concluindo que "em toda a região, os problemas da dívida pública vão crescer".

Angola exportou, em 2019, cerca de 479 milhões de barris de petróleo, a um preço médio de 65,2 dólares por barril, totalizando receitas de 31,2 mil milhões de dólares, segundo dados apresentados esta semana pela Direcção Nacional de Mercados e Promoção da Comercialização do ministério angolano dos Recursos Minerais e Petróleo (MIREMPET).

Os principais destinos das exportações foram a China (72 por cento), a Espanha (6 por cento) e a Índia (5 por cento).

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