"Queremos entender as declarações do general [ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente] Pedro Sebastião como uma posição em que tomamos boa nota, mas o importante é que prevaleça a vontade de cooperação manifestada pelo senhor Presidente da República", disse Alcides Sakala, porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
Em declarações à Lusa, o político do 'Galo Negro' referiu que Jonas Savimbi, morto em combate, em 2002, "não foi uma pessoa qualquer" e que a cerimónia das suas exéquias "vai mobilizar milhares de angolanos que virão de todos os cantos do país".
O partido chegou a criar, em Maio de 2014, uma comissão para tratar do processo de exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, que foi sepultado, logo após a morte, no cemitério de Luena, Moxico, e trasladação para o cemitério da família, na aldeia de Lopitanga, município do Andulo, a cerca de 130 quilómetros a norte do Kuito, província do Bié.
"Durante esse período das chuvas [entre Agosto e Maio] fica, de facto, muito difícil acolher um grande número de pessoas, a localidade e a região não têm capacidades para albergar milhares de pessoas nesse espaço, mas consideramos um passo importante esse processo", indicou.
Para o também deputado da UNITA, o programa das exéquias do líder histórico do partido deve ser feito "num ambiente de serenidade de espírito". "Para que efetivamente se tenha um programa que esteja à altura e à dimensão do Dr. Savimbi", acrescentou, embora sem avançar datas concretas.
O Governo garantiu na Quarta-feira que "estão criadas as condições" para a exumação dos restos mortais do antigo líder da UNITA, mas avisou que o funeral do fundador da maior força da oposição "não terá honras de Estado".
A posição foi transmitida pelo ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente, Pedro Sebastião, que falava aos jornalistas, na Quarta-feira, sobre o funeral de Jonas Savimbi. "Uma vez que o antigo presidente da UNITA não pertencia à família governamental quando faleceu", justificou o governante.
Pedro Sebastião frisou que não existem razões para se fazer paralelismos com o recente (2017) funeral de Estado do general Arlindo Chenda Pena "Ben-Ben", antigo chefe-adjunto do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA) e ex-comandante do antigo exército da UNITA, cujos restos mortais permaneciam desde 1998, na África do Sul.
Alcides Sakala, que se recusou a comentar as declarações de Pedro Sebastião, argumentou que o seu partido "tomou boa nota" desta posição, acrescentando que o "mais importante é que prevalece o espírito" de trabalhar em conjunto, no âmbito das duas comissões criadas, entre a UNITA e o Governo.
"Que têm vindo a aproximar pontos de vista para a definição de um programa de consenso que será apresentado nas próximas semanas", salientou.
Wm comunicado, a direção da UNITA anunciou que 2019 será o "ano da consagração da memória" do líder histórico e fundador Jonas Savimbi, decisão tomada na primeira reunião deste ano do secretariado executivo do Comité Permanente do partido.
Sakala sublinhou que o ano de consagração à memória de Jonas Savimbi surge porque "serão realizadas as suas exéquias", sendo "também uma forma de reafirmar a importância das suas ideias".