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Primeiros 100 dias de João Lourenço causam optimismo pelas exonerações

Os primeiros 100 dias de João Lourenço como Presidente trouxeram surpresa e optimismo pela velocidade das exonerações, mas igualmente dúvidas quanto ao verdadeiro alcance destas medidas.

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"Vou manter o benefício da dúvida que lhe concedi, por ter plena noção de que Roma não se fez num dia e por considerar serem dignos de respeito os actos mais corajosos que já protagonizou", disse à agência Lusa Luaty Beirão, numa apreciação dos 100 primeiros dias de João Lourenço na Presidência do país.

O novo Presidente precisou de menos de três meses para afastar a estrutura de governação que recebeu de José Eduardo dos Santos, tendo feito acima de 300 nomeações e exonerando mais de 30 oficiais generais e cerca de 20 administrações de empresas públicas, na área petrolífera, dos diamantes, e de comunicação social, além do próprio Banco Nacional de Angola e de bancos comerciais detidos pelo Estado.

Também surpreendida pela velocidade e alcance das exonerações foi a investigadora portuguesa do ISCTE e especialista em assuntos africanos Ana Lúcia Sá.

"O ritmo das exonerações e as pessoas exoneradas, chegando inclusivamente à família Dos Santos, foi uma grande surpresa para mim", disse à agência Lusa a especialista em Angola, para quem esta "foi uma maneira de passar a mensagem de rotura com o passado, de rotura com a impunidade".

No entanto, contrapõe Ana Lúcia Sá, o ritmo das exonerações "acaba por esconder o facto de não haver uma política económica forte" no discurso do novo Presidente.

"Como é que João Lourenço vai diversificar a economia? Como é que o Estado vai deixar de estar tão partidarizado, dentro das lógicas do MPLA? Como vai combater às desigualdades sociais e a corrupção? Não é só exonerar", salienta a investigadora.

Para Ana Lúcia Sá, o simples afastamento de algumas pessoas da alta estrutura não resolve por si só os problemas económicos de uma nação cujo Produto Interno Bruto assenta essencialmente nos preços do petróleo, actualmente em níveis historicamente baixos.

Assim disso, disse, poderá ser "o desempenho da economia angolana a decidir se o povo angolano acredita que estas medidas eram a sério ou não".

"As medidas económicas e as medidas sociais [de combate à desigualdade] serão as duas formas de se ver as intenções e o papel de João Lourenço como Presidente", concluiu.

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